Fusão entre HP e Compaq pode não sair

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Publicado Segunda, 10 de Setembro de 2001 às 14:18, por: CdB

O negócio pode sair pela culatra. Esta é uma das conclusões apontadas por uma análise divulgada pelo Gartner Group, que aponta para o risco de que a planejada fusão de US$ 25 bilhões entre a Hewlett-Packard (HP) e Compaq Computer - que foi anunciada esta semana - possa não se concretizar. O conhecido instituto de análises de mercado de Tecnologia da Informação acredita que existem muitas dificuldades para que as empresas consigam levar a idéia adiante e enfatiza que os riscos envolvidos na união superam os eventuais benefícios que possam ser conseguidos. A primeira pedra no sapato das duas companhias já surgiu e é a aprovação do negócio por parte das entidade reguladoras norte-americanas - um processo que pode se arrastar por mais de nove meses, sendo que enquanto uma decisão destes organismos não for anunciada, os clientes das duas companhias ficarão no escuro, sem saber ao certo que linhas de produtos serão eliminadas, o que dificulta uma decisão de compra e pode acabar emperrando o fechamento de novos contratos. Outro ponto analisado pelo relatório do Gartner é a falada economia de US$ 2,5 bilhões anuais que foi anunciada pelas empresas. Segundo o instituto, o valor representa apenas 3% dos custos combinados das duas empresas, o que não seria uma quantia tão expressiva, enquanto a quantidade de problemas que surgiria com a fusão seria mais significativa como, por exemplo, classificar e decidir o que fazer com quatro arquiteturas de servidores, sete sistemas operacionais, quatro arquiteturas de armazenamento de dados e diversas unidades de serviços. Tanto a HP quanto a Compaq já enfrentam dificuldades para definir estratégias entre vendas diretas de PCs ou vendas indiretas por meio do canal de distribuição e - com a união - esse problema seria intensificado e a nova companhia teria que gerenciar duas marcas. Além disso, as duas empresas possuem serviços muito limitados a suporte de hardware e não têm sido capazes de ganhar terreno em negócios de rápido crescimento, como consultoria, integração de sistemas e terceirização. Para finalizar, o relatório do Gartner calcula que - para aumentar a relação entre eficiência e os custos da empresa - seria necessária uma onda de demissões muito maior do que os 15 mil cortes já anunciados. De forma geral, o Gartner Group considera que as duas empresas não conseguiram justificar de forma satisfatória os benefícios da fusão em relação aos enormes riscos envolvidos. Ao que tudo indica, os investidores parecem concordar com a análise do Gartner e somente na terça-feira, as ações da HP despencaram 19%, atingindo seu nível mais baixo em cinco anos, enquanto os papéis da Compaq caíram 10%.

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