Funcionários da Sanasa trazem para Campinas tradicional queima do alho

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Publicado Sexta, 23 de Março de 2012 às 04:35, por: CdB

Funcionários da Sanasa trazem para Campinas tradicional queima do alho

23/03/2012 - 10:24

  

 Sidnei Flaibam

 

Quem já ouviu falar da “Queima do Alho” de Barretos certamente sabe que se trata da maior festa gastronômica brasileira realizada em homenagem aos tropeiros, principalmente os antigos, que cortavam os sertões do país conduzindo boiadas. O que pouca gente sabe é que essa mesma festa é realizada anualmente em Campinas pela Comitiva Rota dos Tropeiros de Campinas, juntamente com os integrantes do setor da queima do alho da tradicional Festa do Peão de Barretos.

 

O dentista José Carlos de Carvalho Júnior, já premiado em Barretos com o melhor preparo de comida à moda do estradão, é quem comanda a organização do evento na cidade. Carvalho Jr. é um dedicado profissional da Sanasa, onde trabalha há 26 anos. O jaleco branco impõe o respeito que a profissão exige.

 

Mas é em casa, cercado de amigos, que o dentista perde o título de doutor e se transforma simplesmente no “Zé”. Carvalho Jr. não se importa como o chamam, pois sabe que é sempre com muito carinho e também porque é assim que todo “José” é chamado na roça, local com o qual mantém estreitos laços e de onde vem a origem da sua família. “Meus avós cozinharam muito pelos estradões”, comenta.

 

E é com essa mistura de doutor e sertanejo que ele faz amizades, cativa e segue sua vida sempre cuidando das pessoas, quer seja pela saúde bucal, quanto saciando a fome daqueles que clamam por uma opção gastronômica genuinamente brasileira. Tanta brejeirice acabou provocando alguns desconfortos com os amigos. “Eu sentia uma grande aflição quando os amigos falavam que iam para Barretos e queriam assistir a tão disputada da prova da queima do alho e não podiam”, conta Carvalho Jr.

 

Para o bem da cidade, em 2007, em conversa com amigos da empresa, resolveu-se trazer esta festa para Campinas. O grupo, originalmente formado por sete amigos, tinha como objetivo trocar experiências gastronômicas, ouvir moda de viola e muita prosa entre eles. “Naquele ano reunimos cerca de 150 pessoas”, recorda.

 

O evento ganhou proporções e já reúne cerca de 600 participantes. Na festa de 2009, no Grêmio da Sanasa (Grenasa) em Sousas, foi fundada a Comitiva Rota dos Tropeiros de Campinas. Assim, para manter viva a tradição e passar esse conhecimento para a população é que eles decidiram participar e organizar o evento na cidade.

 

“O nosso padrinho é o próprio diretor do setor da queima do alho da Festa do Peão de Barretos, João Paulo Martins, que ajuda na organização do evento há mais de 50 anos”, diz Carvalho Jr. “A Comitiva Rota dos Tropeiros de Campinas é composta por companheiros da empresa, colaboradores externos e amantes da culinária, gastronomia e moda de viola, e está aberto para todos que queiram participar”, explica.

 

Tropeiros fazem queima do alho em Campinas

 

Carvalho Jr. entende que o correto é que as “tralhas” de cozinha da Queima do Alho de Campinas sejam comandadas pelos tropeiros das comitivas. “Pouca gente sabe, mas o termo queima do alho surgiu como uma gíria entre os tropeiros que conduziam o gado até os frigoríficos de Barretos”, explica o dentista. “Quando chegava a hora do almoço, o berranteiro fazia o toque da queima do alho e eles já entendiam que estava na hora de parar no ponto de pouso para descansar e almoçar e até pernoitar”, completa.

 

Campinas nasceu na passagem de tropeiros

 

A comida de tropeiro tem uma forte ligação com Campinas. Antes de morrer, o prefeito Antonio da Costa Santos, o Toninho, deixou um importante estudo sobre o surgimento da cidade. Trabalho quase inédito e pouco conhecido, a tese de doutorado de Toninho indica que o surgimento da cidade teve origem na região entre o viaduto São Paulo (Laurão), na Avenida Moraes Salles, e o estádio do Guarani.

 

No local, primeiro os bandeirantes e depois os tropeiros que iam e vinham do Mato Grosso, montavam o acampamento às margens do riacho de água límpida – hoje, o córrego Proença. Essa constatação histórica reforça a necessidade do evento criado pelos funcionários da Sanasa que ajuda no resgate das origens da cidade.

 

Evento acontece em 19 de maio

 

De acordo com Carvalho Jr., comissário da comitiva Rota dos Tropeiros de Campinas, a Queima do Alho de Campinas deste ano acontecerá no dia 19 de maio, no Grêmio de Funcionários da Sanasa (Grenasa), localizado no distrito de Sousas, em frente ao Clube Cultura. O valor ainda não foi definido, mas deve ficar entre R$ 30,00 e R$ 35,00 por pessoa para comer das 12h às 18h.

 

As bebidas serão cobradas a parte. “Falta fechar algumas cotas de patrocínio para definir o valor”, explica. O prato servido no dia é composto de arroz de carreteiro, feijão gordo, paçoca de carne seca no pilão e carne serenada, além do café passado em coador de pano.

 

O evento é aberto ao público e toda a família pode participar. As apresentações artísticas são feitas pelos próprios funcionários da Sanasa, que aproveitam o momento festivo, ao lado de seus familiares, para exibir seus talentos musicais na interpretação de músicas sertanejas. Neste ano, um adestrador de cavalos também fará uma exibição com seus animais durante o evento.

 

Dica de Campeão

 

“Veterano” na Queima do Alho de Barretos, o dentista da Sanasa, José Carlos de Carvalho Jr. dá uma dica importante para quem quer preparar um delicioso arroz de carreteiro. “Use o tempero caseiro, feito de alho, sal e cebola. Tropeiro não tinha luxo nem condições de usar muita coisa. A carne seca, após desfiada, deve ser macerada com o costado da faca. E a banha da porco dá um diferencial especial no sabor da comida.”

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