A França resolveu abandonar uma lei trabalhista para jovens que provocou semanas de protestos e uma crise política no país, afirmou na segunda-feira o presidente Jacques Chirac. O primeiro-ministro Dominique de Villepin, que defendeu a lei e, como resultado, viu suas taxas de aprovação despencarem, disse em pronunciamento à TV que lamentava que os eventos tivessem mostrado que o contrato trabalhista não poderia ser aplicado.
Ele não falou sobre as implicações para seu próprio futuro político, posto sob risco devido à maneira como administrou o caso.
- O presidente da República decidiu substituir o artigo 8...com medidas para ajudar os jovens em desvantagem a encontrar trabalho - afirmou um comunicado da Presidência.
Um líder estudantil disse que o Contrato do Primeiro Emprego (CPE) estava de fato morto. As novas medidas visam a lidar com o desemprego entre jovens, que chega a 22 por cento, conter os protestos e também encontrar uma forma de salvar Villepin, segundo comentaristas. Detalhes serão divulgados ainda nesta segunda-feira e a nova legislação poderá ir ao Parlamento no começo da semana.
O ministro do Interior francês, Nicolas Sarkozy, que participou na reunião como presidente do partido no poder UMP, tinha sugerido, segundo colaboradores próximos, a substituição do CPE por um outro mecanismo, para decepção do rival Dominique de Villepin, que pretende ainda se pronunciar sobre os recentes acontecimentos.
A cláusula mais polêmica do CPE, que se destina aos menores de 26 anos, contempla a possibilidade de os empregadores despedirem sem qualquer justificação durante o período de experiência de dois anos.