O Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou em Dubai um empréstimo de US$ 12,5 bilhões para a Argentina nos termos do acordo firmado em Buenos Aires no dia 10 de setembro.
O dinheiro será liberado em parcelas ao longo de três anos.
Após a aprovação do empréstimo, o porta-voz do FMI Francisco Baker disse que o fundo está à disposição do governo brasileiro para começar as discussões sobre um possível novo acordo.
“Estamos à disposição do Brasil, mas não somos nós que devemos oferecer um empréstimo. O Brasil é que deve pedir. Para isso, precisa saber o que quer”, acrescentou Baker.
Os termos do acordo firmado com a Argentina estão sendo apontados por analistas como sinais de uma nova tendência do fundo, que estaria sendo mais flexível em suas exigências aos países devedores.
No caso da Argentina, o novo acordo prevê que o país termine o primeiro ano – 2004 – com um superávit fiscal de 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
O percentual de economia é considerado baixo por muitos analistas e também credores e é visto como uma vitória do presidente Néstor Kirchner.
A expectativa é que essa maior flexbilidade do fundo influencie um possível novo acordo com o Brasil que poderia incluir, por exemplo, metas sociais.
“O FMI sempre se achou muito flexível. Esses conceitos são muito relativos. Não é o fundo que determina condições para o acordo. A situação e a capacidade de pagamento de cada país é que determina essas condições”, disse Baker.
Enquanto isso, representantes do governo e credores da Argentina se preparam para discutir a reestruturação da dívida de US$ 90 bilhões, ainda sob moratória, na próxima semana.
O plano de reestruturação que deve ser apresentado pelo governo argentino será o primeiro desde que o país declarou a maior moratória da história no ano passado.
Após enfrentar a pior crise da sua história, a Argentina vem passando por um processo de recuperação econômica.
No segundo trimestre deste ano, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) – soma de todos os bens e riquezas produzidos pelo país – aumentou 7,6% quando comparado ao mesmo período do ano passado.
Os números são altos, mas não justificam grande otimismismo, já que a base de comparação – o ano passado – é muito baixa.
Em 2002, a economia argentina encolheu 10,9%. A previsão do governo é de que o PIB argentino cresça 5,5% em 2003.