Federais desconfiam de elo entre o tráfico e o terror

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Publicado Sexta, 05 de Outubro de 2001 às 08:19, por: CdB

Segundo informou o jornal Zero Hora, nesta quinta-feira, a investigação descobriu elos envolvendo os libaneses com a quadrilha do traficante Fernandinho Beira-Mar e do gaúcho Nei Machado, ambos presos este ano na selva colombiana, onde agiam sob a proteção das chamadas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o grupo guerrilheiro mais antigo da América Latina. Os trabalhos foram realizados pela Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público do Rio de Janeiro, tendo à frente os promotores Márcio Nobre, Rogério Ferreira e Márcia Velasco. Pelo menos duas empresas de fachada - a agência de viagens HWS Rocha Turismo e a casa de câmbio Atacado Cuiabá -, situadas em Corumbá, no Mato Grosso, receberam dinheiro de pessoas ligadas a Beira-Mar. A descoberta levou à prisão do libanês Khaled Nawaf Aragi, dono das agências, que cumpre pena em Corumbá. Dois irmãos de Aragi e outros dois árabes, que também participavam do esquema, fugiram para o Líbano. Um dos agentes da Polícia Federal que atuam no caso está convencido de que as fotos encontradas foram tiradas no Oriente Médio. O grupo aparece nas imagens carregando fuzis soviéticos AK-47, armas usadas por grupos extremistas árabes. Lavagem de dinheiro As provas recolhidas, até agora, revelam que, em um período de seis meses, cerca de US$ 1,8 milhão foi lavado nesse esquema - US$ 938 mil em um único dia -, valores que foram parar em contas de três instituições bancárias no Paraguai e na Bolívia. Há suspeita de que o dinheiro possa ter sido usado para financiar tráfico de armas ou milícias árabes. "Uma parte desse dinheiro pode ter sido transferida para o Oriente Médio", revelou uma fonte da Polícia Federal ao repórter Klécio Santos, do jornal Zero Hora. Oficialmente, a PF não revela informações sobre o caso envolvendo os libaneses em Corumbá, que seriam ligados ao grupo fundamentalista Hezbolá. A atuação de grupos extremistas em cidades nas fronteiras do Brasil já é de conhecimento da CIA (Agência de Inteligência norte-americana) e do FBI (Polícia Federal dos Estados Unidos). Após os atentados do dia 11 de setembro contra Nova York e Washington, os órgãos alertaram a Polícia Federal de que há suspeitos de terrorismo no Brasil, não só na Tríplice Fronteira, na região de Foz do Iguaçu, mas também nas fronteiras com Peru, Bolívia e Colômbia. Para a CIA e o FBI, os terroristas estariam agindo acobertados pelo tráfico de drogas e pelos guerrilheiros das Farc. Uma lista, contendo mais de 100 nomes de suspeitos, que estariam em território nacional, já foi repassada às autoridades brasileiras.

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