Segundo informou o jornal Zero Hora, nesta quinta-feira, a investigação descobriu elos envolvendo os libaneses com a quadrilha do traficante Fernandinho Beira-Mar e do gaúcho Nei Machado, ambos presos este ano na selva colombiana, onde agiam sob a proteção das chamadas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o grupo guerrilheiro mais antigo da América Latina. Os trabalhos foram realizados pela Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público do Rio de Janeiro, tendo à frente os promotores Márcio Nobre, Rogério Ferreira e Márcia Velasco. Pelo menos duas empresas de fachada - a agência de viagens HWS Rocha Turismo e a casa de câmbio Atacado Cuiabá -, situadas em Corumbá, no Mato Grosso, receberam dinheiro de pessoas ligadas a Beira-Mar. A descoberta levou à prisão do libanês Khaled Nawaf Aragi, dono das agências, que cumpre pena em Corumbá. Dois irmãos de Aragi e outros dois árabes, que também participavam do esquema, fugiram para o Líbano. Um dos agentes da Polícia Federal que atuam no caso está convencido de que as fotos encontradas foram tiradas no Oriente Médio. O grupo aparece nas imagens carregando fuzis soviéticos AK-47, armas usadas por grupos extremistas árabes. Lavagem de dinheiro As provas recolhidas, até agora, revelam que, em um período de seis meses, cerca de US$ 1,8 milhão foi lavado nesse esquema - US$ 938 mil em um único dia -, valores que foram parar em contas de três instituições bancárias no Paraguai e na Bolívia. Há suspeita de que o dinheiro possa ter sido usado para financiar tráfico de armas ou milícias árabes. "Uma parte desse dinheiro pode ter sido transferida para o Oriente Médio", revelou uma fonte da Polícia Federal ao repórter Klécio Santos, do jornal Zero Hora. Oficialmente, a PF não revela informações sobre o caso envolvendo os libaneses em Corumbá, que seriam ligados ao grupo fundamentalista Hezbolá. A atuação de grupos extremistas em cidades nas fronteiras do Brasil já é de conhecimento da CIA (Agência de Inteligência norte-americana) e do FBI (Polícia Federal dos Estados Unidos). Após os atentados do dia 11 de setembro contra Nova York e Washington, os órgãos alertaram a Polícia Federal de que há suspeitos de terrorismo no Brasil, não só na Tríplice Fronteira, na região de Foz do Iguaçu, mas também nas fronteiras com Peru, Bolívia e Colômbia. Para a CIA e o FBI, os terroristas estariam agindo acobertados pelo tráfico de drogas e pelos guerrilheiros das Farc. Uma lista, contendo mais de 100 nomes de suspeitos, que estariam em território nacional, já foi repassada às autoridades brasileiras.
Rio de Janeiro, Quinta, 28 de Março de 2024
Federais desconfiam de elo entre o tráfico e o terror
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Publicado Sexta, 05 de Outubro de 2001 às 08:19, por: CdB
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