Ex-presidente do BC esquenta discussão sobre juros

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Publicado Terça, 03 de Junho de 2003 às 06:46, por: CdB

Ex-presidente do Banco Central, o economista Gustavo Franco entrou na polêmica sobre a taxa de juros e o câmbio. Em entrevista ao programa Conta Corrente, da emissora de TV GloboNews, na noite desta segunda-feira, ele foi contra o vice José de Alencar, que voltou a carregar nas tintas em suas críticas aos rumos impressos no País pela equipe do ministro Antônio Palocci, quando afirmou que a taxa de juros deve ser uma decisão política e não técnica. Em relação ao câmbio, Franco foi enfático: o real continua depreciado e a continuidade da queda do dólar é uma boa receita para baixar a inflação. Para o ex-BC, o debate que vem sendo travado em relação à taxa de juros não ajuda. Serve apenas para enfraquecer o governo em seu conjunto, junto aos investidores e ao mercado financeiro, passando a impressão de uma falta de unidade de pensamento e de política na equipe de Lula. - À distância, me parece que, posso estar sendo otimista, pode estar havendo um plano onde há apenas uma improvisação - disse. Franco diz que a adoção de medidas menos populares é o caminho correto para preparar o terreno para uma segunda metade do governo, mais solta e com mais crescimento. "Para isso, é preciso fazer umas tantas coisas agora para arrumar a casa", afirmou. Segundo Gustavo Franco, a ansiedade que está havendo em torno da taxa de juros por parte de várias pessoas do governo, "especialmente do vice-presidente", pode dar a idéia de que não existe plano nenhum, "que são apenas dois pedaços, cada um pensando de uma forma e agindo independentemente, produzindo por ora um resultado favorável. Mas, amanhã, a outra banda do governo pode prevalecer sobre a turma do ministro Palocci, e aí teremos políticas inconsistentes." Franco saiu em defesa da atuação do Banco Central na questão dos juros, e aproveitou para rebater as declarações do vice José Alencar. "O Banco Central tem profissionais que foram treinados a vida inteira para formular esse tipo de julgamento. Normalmente são pessoas que estudaram a vida inteira. Está errado, redondamente errado, o vice-presidente quando diz que aquilo é uma decisão política. Não é, não. Aquilo é coisa para profissional. Foi gente que estudou e está lá porque estudou e porque sabe fazer, sabe exercer aquela profissão. E ele não sabe. Ele pode ser um bom vice-presidente. Mas o Banco Central é coisa para profissional".

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