Na quinta-feira, a principal autoridade comercial do governo Bush anunciou que estava considerando recorrer à OMC contra a União Européia, em virtude da proibição européia aos alimentos transgênicos, afirmando que a posição "imoral" européia estava impulsionando a fome e a miséria no mundo em desenvolvimento. A autoridade, Robert B. Zoellick, representante comercial dos EUA, afirmou que quando as nações africanas recusaram os alimentos transgênicos americanos em 2002, eles estavam agindo sob a influência da posição européia. "As políticas anticientíficas européias estão se espalhando pelo mundo", Zoellick afirmou aos repórteres, acrescentando que os líderes africanos que evitavam "os alimentos que você e eu comemos" estavam deixando seus povos entregues à fome. "Eu acredito que este é um desenvolvimento sério", Zoellick afirmou. "Eu acredito que é imoral as pessoas não receberem alimentos na África porque alguns inventaram perigos sobre a biotecnologia". As autoridades européias desconsideraram as afirmações de Zoellick, afirmando que eles nunca encorajaram as nações africanas a rejeitar ajuda. Ainda, Pascal Lamy, negociador-chefe de comércio da Comissão Européia, afirmou que se Zoellick recorresse à organização comercial com tal questão, isso somente complicaria o plano da Europa em levantar a proibição contra os transgênicos, que deveria ocorrer na primavera (no hemisfério norte). Quando isso ocorrer, os produtos testados e julgados seguros poderão entrar no mercado europeu - com selos identificando-os como geneticamente modificados. Os EUA não requerem tais selos. Tony Van der haegen, o especialista em segurança alimentar da delegação da União Européia em Washington, indicou que 'em uma democracia você deve considerar os temores das pessoas, e muitos europeus estão preocupados com os alimentos geneticamente modificados". Por vários anos os consumidores europeus questionaram a segurança dos alimentos transgênicos. Os jornais britânicos criaram uma expressão para eles, os "Frankenfoods", refletindo a profunda suspeita sobre produtos como milho e soja quando geneticamente modificados para ampliar a resistência contra as doenças. Tais modificações, muitos temem, pode ter várias conseqüências para a saúde humana. No último mês de agosto, a disputa sobre a biotecnologia causou uma crise em Zâmbia, que rejeitou os transgênicos dos EUA apesar da fome generalizada no país.
Rio de Janeiro, Sexta, 29 de Março de 2024
EUA pressionam Europa em relação aos transgênicos
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Publicado Sexta, 10 de Janeiro de 2003 às 21:33, por: CdB
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