EIU: 'Sobe a pressão por queda nos juros'

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Publicado Quarta, 29 de Março de 2006 às 12:41, por: CdB

A política econômica implementada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está criando uma imagem externa positiva, de um projeto a longo prazo. Esta é a opinião da analista Justine Thody, diretora regional para a América Latina da Economist Inteligent Unit.

- Eu acho que a percepcão externa é de que o Brasil está assentando as bases para um crescimento maior a longo prazo. Existem algumas questões estruturais que o país precisa enfrentar. Mas, isso já começou com as melhorias na área da educação - que teve início no governo Cardoso (Fernando Henrique Cardoso), o que vai ser importantíssimo a longo prazo - comentou.

Para a analista, o governo vai sofrer uma pressão ainda maior para reduzir as taxas de juros.

- Está aumentando a pressão para acelerar o ritmo de queda das taxas de juros. Apesar da expansão, o ritmo de crescimento (da economia) no ano passado foi um dos mais baixos em toda a América Latina, o que é decepcionante. O Brasil tem níveis altíssimos de taxas de juros reais, um dos maiores entre as maiores economias do mundo - explicou Thody.

Investimentos

E os juros, na opinião de Justine Thody, serão um dos temas da campanha eleitoral deste ano. Por isso, ela acredita que os juros vão cair em ritmo mais acelerado.

- Eu acho que as expectativas para a reunião do Copom esta semana é de uma queda de 75 pontos básicos (0,75 ponto percentual) das taxas de juros - disse a especialista.

A queda dos juros, segundo Justine Thody, já vem surtindo efeito na economia.

- Vem se notando uma recuperação da demanda interna desde setembro. E vai continuar até o ano que vem, apoiado pelo aumento nos investimentos públicos - prevê.

Eleições

Ela não acredita que a política econômica do governo Lula possa influenciar negativamente o resultado das eleições presidenciais. Na opinião de Justine Thody, os investimentos públicos estão, na verdade, garantindo a recuperação da popularidade do presidente.

- A popularidade de Lula tem aumentado muito nas pesquisas de preferência de votos realizadas nas últimas semanas. Isso, parece que marca uma recuperação das perdas na popularidade que o presidente sofreu no ano passado. O bom desempenho fiscal do ano passado deixou um campo de manobra para aumentar o gasto com investimentos públicos este ano, o que vai ter efeito na campanha eleitoral - avalia.

Segundo a especialista, dois fatores vêm ajudando tanto o aumento da popularidade como o reaquecimento da economia: o aumento real do salário mínimo e ao projeto Bolsa-Família.

- O aumento real do salário mínimo e também a queda lenta, é claro, dos níveis de pobreza estão influenciando no aumento das vendas no Brasil. O impacto da Bolsa-Família sobre a renda e os gastos dos mais pobres foi maior do que o esperado - disse.

A analista acha que o governo precisa continuar trabalhando para controlar melhor os gastos públicos e garantir a estabilidade de renda real da população, principalmente a de baixa renda.

- O importante para o presidente Lula vai ser conseguir o apoio dos mais pobres, a maioria da população do Brasil. Tem se notado maior recuperação entre as bases pobres, quem ele realmente tem beneficiado em programas como Bolsa Família, que tem melhorado a renda dos mais pobres - disse.

Na opinião de Justine Thody, são poucos os políticos que podem competir com o presidente Lula entre as camadas mais pobres da população.

- Possivelmente só Anthony Garotinho (ex-governador do Rio) pode concorrer com ele nessas bases, mas ainda não se sabe se ele será candidato - disse.

Segundo ela, apesar do ritmo de crescimento menos "dinâmico" do que outros países emergentes como a China e Índia, a imagem do país no exterior é positiva, mas o país precisa continuar investindo no combate à pobreza e à redução da dívida pública.

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