Dulci: 'Governo Lula está afinado com o Fórum Social'

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Publicado Sábado, 25 de Janeiro de 2003 às 01:13, por: CdB

Representante oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro chefe da secretaria da presidência da República, o mineiro Luiz Dulci, desembarcou ontem no III Fórum Social Mundial falando exatamente o que os organizadores do encontro e os delegados das 5.500 organizações representadas em Porto Alegre queriam ouvir: "o espírito com o qual o Governo federal encara este fórum é o de que daqui pode sair modelos para a implementação de novas políticas públicas. A sociedade civil pode e deve participar do diálogo. Nós (o Governo) estamos aqui para ouvi-la". Com esse discurso, Dulci acaba aparando arestas criadas junto aos participantes do Fórum Social com a decisão do presidente de ir a Davos, na Suíça, onde ocorre o Fórum Econômico, movimento ao qual se contrapõe o encontro de Porto Alegre. Um dos maiores temores dos participantes do III Fórum Social Mundial é que os incontáveis debates que se realizam pela terceira vez no Rio Grande do Sul acabem se perdendo, transformando o encontro em uma grande troca de idéias e experiências sem resultados práticos. O objetivo agora é conseguir transformar algumas das teses apresentadas pelos movimentos sociais em políticas públicas, o que serviria como uma excelente alavanca para o movimento, coroando-o de êxito. Com isso, o Fórum deixaria de ser visto apenas como um movimento de contestação, podendo apresentar-se como formulador de idéias viáveis de serem implantadas. E foi com isto que Dulci, em nome do Governo, acenou ontem ao representar Lula na abertura oficial do encontro: "sendo o maior evento mundial dessa natureza, o Fórum Social Mundial, além das críticas, também traz ao debate experiências bem sucedidas. Algumas dessas propostas podem, perfeitamente bem, ser encampadas como políticas de governo. Não todas, até porque, dentro do próprio fórum, há diferenças de proposituras e de enfoque dos problemas", explicou o ministro em entrevista à Agência Carta Maior. Mais ainda, ao deixar claro que os discursos do presidente Lula em Porto Alegre, em Davos e nos demais países europeus - Alemanha e França - que visitará nos próximos dias terá sempre a mesma mensagem, Dulci lembrou que "muitas das convicções pessoais dele (Lula) têm grandes afinidades com as convicções dos participantes do fórum de Porto Alegre". O ministro, cuja missão oficial é fazer a interligação do Governo com a sociedade civil, não pretende apenas ouvir o que se debate nas palestras e oficinas realizadas entre os prédios da PUC do Rio Grande do Sul, os Armazéns do Cais de Porto Alegre e o Ginásio Esportivo Beira Rio, o popularmente famoso Gigantinho, onde acontecerão os eventos do Fórum nos próximos cinco dias. Muito provavelmente ele até participará pouco destas atividades. Mas ele trás no bolso do paletó uma lista com os nomes de aproximadamente 40 organizações não governamentais, brasileiras e estrangeiras, com as quais pretende conversar. São, principalmente, entidades pequenas, de regiões distantes, que teriam dificuldade de enviar interlocutores para conversas em Brasília. Esperanças O encontro de Porto Alegre já firmou-se mundialmente por conta da quantidade de participantes (cerca de 100 mil pessoas) e da representatividade desses participantes (126 países dos cinco continentes). Mais ainda, hoje seus organizadores assistem muitas das teses defendidas na primeira versão do Fórum, em 2001, estarem assimiladas até pelos seus principais opositores, os participantes do Fórum Econômico de Davos. Um exemplo claro é o reconhecimento da necessidade de mudanças no processo de globalização, para fazer frente à exclusão social. Mas ainda permanece o receio maior de que os debates de Porto Alegre não passem disto: meros debates, sem conseqüências práticas. Para que o movimento não caia em descrédito, transformando-se em uma espécie de Woodstock de idéias, é que seus organizadores querem aproveitar-se de governos como o de Luiz Inácio Lula da Silva e Luiz Gutierrez, do Equador, para tran

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