Descobertos vestígios de toxina letal em Londres

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Publicado Terça, 07 de Janeiro de 2003 às 14:43, por: CdB

A Scotland Yard anunciou, nesta terça-feira, que está interrogando seis pessoas por suspeita de complô terrorista, após a descoberta de uma toxina extremamente perigosa e letal, a ricina, em suas casas. A Polícia Metropolitana prendeu sete pessoas - seis homens e uma mulher, já liberada - durante uma operação realizada no último domingo por agentes do esquadrão antiterrorismo no norte e no leste de Londres. Segundo um porta-voz, foram descobertos "equipamento e materiais" em um endereço em Wood Green, na capital britânica. A ricina, uma toxina encontrada na semente da mamona, pode ser inalada, ingerida ou injetada. Não existe qualquer antídoto para a substância. Em 1978, a mesma substância foi usada em um assassinato político ocorrido em Londres. A vítima foi um búlgaro que vivia há nove anos no exílio, o escritor Georgi Markov. Atingido pela ponta de um guarda-chuva coberta com a ricina, Markov morreu quatro dias depois. O veneno apreendido esta semana está sendo analisado no principal laboratório do Ministério da Defesa britânico, em Porton Down. "A ricina é um material tóxico que, se ingerido ou inalado, pode ser fatal", afirmou a Scotland Yard. "Dissemos anteriormente que Londres e o restante da Grã-Bretanha continuam a enfrentar uma amplitude de ameaças terroristas, por parte de diferentes grupos", prosseguiu. "Reiteramos nossos apelos anteriores ao público para que permaneça vigilante e reporte à Polícia tudo o que achar suspeito". A Scotlant Yard aconselhou a população a ficar atenta ao que acontece à sua volta, especialmente "em locais públicos". "A Polícia continua realizando investigações intensas e as análises laboratoriais do material de Wood Green levarão algum tempo para serem concluídas", acrescentou. A Scotland Yard encerrou o comunicado com um novo alerta: "A Polícia Metropolitana está fazendo todo o possível para combater a ameaça de terrorismo, mas será apenas com a ajuda e o apoio do público que poderemos reduzir o mal que ela possa causar". A contaminação por ricina não é contagiosa. A presença da toxina no organismo pode causar febre, dores estomacais, diarréia, graves problemas respiratórios e, em último nível, a morte. As crianças são mais vulneráveis do que os adultos à substância, que também pode atacar o sistema nervoso. A ricina foi detectada nas sementes da mamona no final do século 19. Há cerca de 10 anos, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos começou a realizar pesquisas visando a remover a toxina da planta. A mamona tem amplo uso civil - lubrificação de motores de alta rotação, purgativo e fabricação de tinta, verniz e plásticos, usando-se o óleo de rícino. Entretanto, a ricina não está presente em qualquer derivado na indústria alimentícia, uma vez que permanece apenas nos restos da extração do óleo. Anualmente, 1 milhão de toneladas de mamona são processadas em todo o mundo.

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