Copom derruba juros a patamar de 2001

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Publicado Quarta, 19 de Abril de 2006 às 18:30, por: CdB

A taxa anual de juros (Selic) caiu de 16,5% para 15,75%. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), ao final de reunião iniciada na terça. A queda era prevista, desde a semana passada, pelas principais instituições financeiras do país. O BC informou que vai "acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até a próxima reunião", dentro de 45 dias, para então "definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".

Em nota divulgada à imprensa, o BC informa ainda que a decisão do corte de 0,75 ponto percentual foi tomada por unanimidade, "dando prosseguimento ao processo de flexibilização da política monetária, iniciado na reunião de setembro de 2005".

"O Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 15,75% ao ano, sem viés, e acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até a próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária", diz a nota divulgada pelo Banco Central após a reunião.

Este foi o sétimo corte consecutivo e o terceiro com a mesma taxa. O primeiro, em setembro do ano passado, foi de 0,25 ponto percentual. Os quatro seguintes foram de meio ponto. Neste ano, na reunião de janeiro, o Copom aumentou o corte para 0,75 ponto percentual e o mesmo aconteceu no encontro de março. Isso ocorreu porque as reuniões do colegiado deixaram de ser mensais e passaram a ocorrer a cada 45 dias, em média.

Com a decisão do Copom, a taxa de juros já caiu quatro pontos percentuais desde o início do processo de corte. O corte de apenas 0,75 ponto percentual pode ser considerado conservador por analistas, já que a trajetória de inflação caminha para a meta, que é 4,5% medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com uma margem de tolerância de dois pontos para cima ou para baixo.

No último levantamento feito pela autoridade monetária, o mercado financeiro esperava uma inflação de 4,43%. A mudança no comando do Ministério da Fazenda pode ter pesado para essa decisão mais conservadora. Antonio Palocci foi demitido no dia 27 de março e substituído por Guido Mantega que, quando na Presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) criticava a condução da política monetária.

No entanto, de acordo com os dados mais recentes dos indicadores econômicos, não há sinais de que a inflação possa fugir do controle. Em março, o IPCA foi de 0,43%, contra 0,41% no mês anterior. Além disso, o índice que mede a utilização da capacidade instalada foi de 80,9%, contra 80,6% de janeiro. Esse indicador mostra que a indústria tem capacidade de aumentar a produção no curto prazo sem causar inflação.

Durante o processo de aumento das taxas de juros, que durou nove meses e terminou em maio do ano passado, o temor do BC era que a recuperação econômica, o crescimento do PIB foi de 4,9% em 2004, pudesse provocar um reajuste nos preços por parte da indústria, o que traria inflação. Essa pressão pode ser maior se a indústria não for capaz de atender toda a demanda.

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