Construção de agenda política global ainda é desafio para FSM

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Publicado Sexta, 14 de Janeiro de 2005 às 10:04, por: CdB

Desde sua primeira edição, em janeiro de 2001, os organizadores e participantes do Fórum Social Mundial reconhecem a necessidade de articular uma agenda política global que apresente alternativas concretas ao modelo político-econômico atualmente dominante no mundo. O outro mundo possível, preconizado pelos idealizadores do Fórum permanece sendo um sonho em busca de um projeto.

Ao longo dos últimos quatro anos, a conjuntura internacional vem sendo marcado pelo agravamento do quadro de instabilidade política e de militarização crescente nas zonas de conflito do planeta. As políticas econômicas neoliberais permanecem dando as cartas, asfixiando a implementação de políticas públicas capazes de atacar eficazmente as raízes da desigualdade social e econômica.

Desde o Fórum Social de 2002, ano em que iniciou a segunda guerra do Iraque, a luta contra a militarização da agenda política das nações permanece sendo um ponto central na pauta de debates do evento. No entanto, até agora as mobilizações resultantes deste debate ainda não acumularam força para influir, de um modo mais decisivo, nas decisões dos países envolvidos nos conflitos.

Agora, em 2005, mais uma vez a guerra ocupará um espaço central nas discussões. A maioria das cerca de 200 atividades inscritas no espaço temático"Paz e desmilitarização - Luta contra a guerra, o livre comércio e a dívida" tratarão das crescentes ameaças à paz mundial. A situação no Iraque, no Afeganistão, na África e no Oriente Médio segue se agravando, numa escalada de violência preocupante.

O desafio de dar um passo a frente

Diante deste cenário, os organizadores do FSM 2005 sabem que o movimento por uma outra globalização precisa avançar em seu caráter propositivo. A reeleição de George W. Bush para a presidência dos Estados Unidos só aumentou essa urgência. Um dos desafios da quinta edição do Fórum Social será justamente traduzir essa consciência de urgência em propostas e articulações políticas que consigam ir além da mera repetição de slogans e caminhadas contra a guerra e em defesa da paz.

Apesar das manifestações massivas contra a guerra, na Europa e nos Estados Unidos, que tiveram uma grande repercussão midiática, os governos destes países seguem subordinados à força política de Washington e de sua "guerra ao terrorismo" que, como se sabe, só tem conseguido aumentar os focos de conflito.

A crescente presença de bases militares dos EUA na América Latina e na América Central é outro tema que, a exemplo de edições anteriores, será debatido em Porto Alegre. Com mais de dez bases instaladas e por instalar na região, a Casa Branca vem intensificando também os exercícios militares conjuntos com os países da região.

O foco de conflitos é particularmente grave na Colômbia, país mergulhado em uma guerra civil sem fim. As afinidades políticas entre os governos Bush e Uribe vem aumentando também o cerco político e mesmo militar ao governo de Hugo Chávez, na Venezuela. As recentes incursões de paramilitares e mercenários na Venezuela, via Colômbia, é uma das expressões mais claras desta aliança, supostamente firmada para enfrentar o narcoterrorismo.

Balanço e autocrítica

Entre as atividades que debaterão esses temas está o seminário "Reconstrução da Paz: a complexa relação entre Verdade, Justiça, Paz, Compaixão e Reconciliação", proposta pela organização Caritas Internacionais, que contará com a participação do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Perez Esquivel.

O argentino acaba de escrever uma carta ao presidente George W. Bush, protestando contra a situação de instabilidade que o governo dos EUA está gerando no mundo e acusando-o das práticas de genocídio, de violação permanente dos direitos humanos e de desconhecer o papel da Organização das Nações Unidas (ONU) como agente legítimo para a resolução de conflitos internacionais. Esquivel, que chega em Porto Alegre no dia 26, acredita que a

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