Comissão Pastoral da Terra questiona seleção de regiões prioritárias

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Publicado Quarta, 19 de Janeiro de 2005 às 12:47, por: CdB

- A desapropriação de terras para fins de reforma agrária é o principal instrumento para democratizar o acesso à terra - afirma o coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Isidoro Revers. Para ele, o governo deveria selecionar as regiões prioritárias para fazer a reforma agrária.

- A maior parte das terras desapropriadas em 2004, quase 50% delas, foi na região da Amazônia, que não é uma região de maior demanda por reforma agrária - diz.

O coordenador defende que a região Nordeste, o Paraná e o Rio Grande do Sul são os locais onde deveria haver maior número de terras desapropriadas.

Ao avaliar o balanço da reforma agrária divulgado nesta quarta-feira (19) pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Isidoro Revers diz que a falta de uma política integrada é um dos principais entraves para o governo realizar a reforma agrária.

- O governo ainda não incorporou a reforma agrária como desenvolvimento regional. Não trabalha em conjunto para isso.

Para Revers, o governo conseguiu ampliar os recursos, mas ainda promove o agronegócio como carro-chefe das políticas agrícolas.

O presidente do Incra, Rolf Hackbart, afirma que o diálogo com os movimentos sociais continua de forma transparente.

- Eles podem confiar no governo porque a reforma agrária é prioritária.

Hackbart diz também que a maior preocupação do governo é fazer a reforma agrária de forma regionalizada e integrada.

- Como estamos fazendo no Paraná e Rio Grande do Norte, por exemplo - diz.

Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), 200 mil famílias estão acampadas às margens das rodovias brasileiras aguardando para serem assentadas. O MST enfatiza que apenas 1% dos proprietários têm 48% das terras do país.

Dados parciais coletados pela Comissão Pastoral da Terra, registraram, em 2004, 32 assassinatos em conflitos pela posse da terra, 408 ocupações em fazendas e 98 acampamentos às margens das estradas. Para a CPT, as ocupações devem aumentar ainda mais em 2005. No passado, segundo a CPT, houve 31 casos em que 2.232 mil famílias foram expulsas a força por proprietários de terra. Na justiça estão registrados 169 casos em que 31.315 mil famílias foram despejadas.

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