Cinema belga se impõe em Locarno

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Publicado Quarta, 07 de Agosto de 2002 às 14:04, por: CdB

A vaga do cinema belga parece ter chegado a Locarno, onde até há pouco quem dava as cartas eram os iranianos. Com a exibição da metade dos filmes em competição, mantêm-se em destaque o filme Moça (Meisje), de Dorothée Van den Berghe, que poderá repetir em Locarno, o mesmo sucesso dos irmãos Dardenne em Cannes. Porém, a receita de Dorothée não enfatiza o lado social e sim a psicologia de três mulheres de idades diversas, duas das quais são mãe e filha. O fato de começar com um close do sexo feminino nada tem a ver com provocação, garante a diretora, mas talvez seja a afirmação de que se trata de um filme de mulher, feito com mulheres e seus problemas, sem excluir os homens que entram em suas vidas. Embora a maioria dos jovens tenha a fase de rejeição da família, a diretora de Meisje, criada numa comunidade de hippies de Amsterdã, sentiu sempre um fascínio pelas "verdadeiras famílias" por nunca ter tido uma. "Na comunidade em que fui criada - diz ela - nunca se falava em casais que ficassem juntos toda vida. Só ao ir para a Bélgica, descobri pessoas casadas há muitos anos e educando juntos os filhos. Antes, minha escola só tinha filhos de casais separados ou divorciados. Eu fui educada por minha mãe e, talvez por isso, o filme focaliza as relações entre mãe e filha." Autora de curtas-metragens, Dorothée Van den Berghe sempre acentuou neles a sexualidade. "Isso porque fui criada num meio bastante livre. Meu pai estava sempre com outras mulheres e eu e minha mãe víamos isso. Aos sete anos, já sabia tudo sobre sexualidade, mas sem sentir e sem saber o que significava no próprio corpo. No filme Meisje, eu quis mostrar a maneira como as mulheres vivem sua sexualidade. A cena em que Muriel se masturba é uma das primeiras que escrevi".

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