Cientistas chineses identificaram um gene no vírus H5N1, da gripe aviária, que seria responsável por sua agressividade contra aves. A descoberta pode levar ao surgimento de novas vacinas. Há muitas cepas diferentes do H5N1. Algumas matam mais de metade das pessoas infectadas, enquanto outras fazem pouco ou nenhum mal.
- Agora podemos entender como este vírus fica letal e qual é a base molecular da sua patogênese - disse Bu Zhigao, do Instituto de Pesquisas Veterinárias de Harbin, à Reuters.
Os pesquisadores chegaram ao gene virulento depois de analisarem duas cepas muito parecidas do H5N1, obtidas em 1996 de gansos infectados da Província de Cantão. Uma das cepas era altamente letal em frangos, e a outra era inofensiva. As diferenças entre as duas cepas se resumiam a quatro genes. Os cientistas projetaram quatro vírus geneticamente modificados, cada um contendo um dos quatro genes em questão. Os vírus foram testados em frangos, num ambiente de laboratório.
Só os animais contaminados com o vírus modificado que continha o gene patológico morreram. Os outros não apresentaram sintomas da doença, segundo artigo publicado em novembro pelos cientistas na revista Journal of Virology.
- Agora que sabemos o papel especial do gene NS1, achamos que podemos pensar em desenvolver uma vacina - disse Bu. Segundo ele, seria fácil produzir uma vacina que atuasse contra o gene letal NS1.
Os cientistas trabalham para o Laboratório de Gripe Animal do Ministério da Agricultura, para o Laboratório Nacional de Biotecnologia Veterinária, para a Academia Chinesa de Ciências Agrícolas e para o Instituto de Pesquisas Veterinárias de Harbin. O H5N1 continua sendo um vírus eminentemente animal, embora tenha matado mais de 150 pessoas, a maioria na Ásia, desde 2003. Especialistas temem que o vírus sofra uma mutação que permita seu contágio direto entre humanos, criando uma pandemia potencialmente com milhões de mortos.