Caso Orlando: "Veja" diz que não tem que dar satisfação à verdade

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Publicado Terça, 26 de Junho de 2012 às 18:17, por: CdB

Já se passaram três semanas desde a absolvição de Orlando Silva pela Comissão de Ética da Presidência da República. Até o fechamento desta matéria, a revista Veja, base do processo contra o ministro, não deu uma linha sobre fato. A reportagem da TV Vermelho procurou o editor da "Veja" Brasília, Rodrigo Rangel, para saber o porquê do silêncio. Resposta: a "Veja" não tem que dar satisfação à verdade.



Em 12 de junho, a Comissão de Ética, por absoluta falta de provas, arquivou o processo contra o ex-ministro. O caso foi baseado em matérias da revista "Veja", com o policial militar João Dias, que acusou Orlando de ter recebido dinheiro ilegal de ONGs.

A matéria intitulada “Ministro recebia dinheiro na garagem”, da edição de 13 de outubro de 2011, foi assinada por Rodrigo Rangel, também editor da Veja Brasília. Rodrigo e Policarpo Junior, editor chefe do semanário em Brasília e um dos personagens envolvidos nos esquemas do bicheiro Carlinhos Cachoeira, se empolgaram na fabricação do texto. Ambos deram seis páginas para o suspeito PM João Dias e apenas oito linhas para a defesa de Orlando, por sinal, nenhuma apas do ministro.

Em entrevista à TV Vermelho, o ex-ministro afirma que, na época, foi apenas comunicado, por um editor da “Veja”, de que uma matéria sobre ele seria publicada no dia seguinte. Orlando afirma que a única chance de defesa que a revista ofereceu foi publicar uma nota do ministério na “Veja” Online. A edição impressa já estava a caminho das bancas.

Satisfação

Em agosto do ano passado, o mesmo Rodrigo Rangel chegou a ser agredido pelo lobista Júlio Fróes enquanto tentava cumprir uma das obrigações do bom jornalismo: ouvir o outro lado da história (aqui a notícia). Por que no caso de Orlando não foi possível ter o mesmo empenho?

Para saber esta e outras respostas é que a TV Vermelho procurou o editor da “Veja”. Basta ver o vídeo acima para saber a versão do outro lado: “Sim, mas eu tenho que dar satisfação a você?”, ironizou Rodrigo Rangel.

Tentamos explicar que não era à repórter que o jornalista devia uma satisfação, mas sim aos milhões de brasileiros que foram enganados ao longo de oito meses, graças às mentiras veiculadas na “Veja”. Mas e a verdade, ela não merece nenhuma satisfação? “ - Agora não posso falar, agora não posso falar”, repetia o editor da revista à nossa reportagem.

Proceso na Justiça

O única tentativa do editor para justificar o absoluto silêncio da “Veja” sobre a absolvição de Orlando foi de que o processo continua correndo na justiça.

Então noticie, pelo menos, há quantas anda o processo na Justiça! Sim, porque até o presente momento há apenas um processo e este foi movido pelo próprio Orlando Silva contra os caluniadores João Dias e Célio Soares, funcionário do PM que disse à “Veja” ter entregue dinheiro ao ex-ministro.

Já houve uma primeira audiência. Célio Soares não compareceu e está desaparecido. Por este motivo, a Justiça não consegue intimimá-lo para depôr. O único a comparecer foi João Dias. Ele propôs a conciliação ao ex-ministro, que não aceitou.

Além do processo movido por Orlando contra os caluniadores, há um inquérito, à pedido da Procuradoria Geral da União, em andamento no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Inquérito não é processo, mas sim, investigação. Até o momento, o ex-ministro não foi chamado para depôr.

Impunidade

A grande ironia de toda esta história está nas duas frases que fecharam a primeira matéria, aquela de oito meses atrás: “A polícia e o ministério público tem uma excelente oportunidade para esclarecer o que se passava no terceiro tempo do Ministério do Esporte. As testemunas [João Dias e Célio Soares] estão prontas para entrar em campo”.

Que piada. Mesmo dias depois da reportagem, João Dias se negou a comparecer ao Congresso para falar sobre o caso (aqui a matéria).

Já se passaram oito meses. Orlando segue a batalha de cabeça erguida. E a “Veja”? Só mesmo um milagre tem evitado que o dono da revista, Roberto Civita, não seja chamado a depôr na CPI do Cachoeira.

Até quando a mídia vai ficar impune?

Por Carla Santos

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Edição digital

 

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