Carro-bomba mata ex-premiê libanês; grupo islâmico assume ataque

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Publicado Segunda, 14 de Fevereiro de 2005 às 17:44, por: CdB

Um potente carro-bomba matou na segunda-feira o ex-primeiro-ministro libanês Rafik al-Hariri, o bilionário responsável pelo planejamento da reconstrução do país depois da guerra civil, entre 1975 e 1990.

Pelo menos outras 12 pessoas, incluindo vários seguranças de Hariri, morreram na explosão, que atingiu sua comitiva quando ela passava por uma área chique da região costeira de Beirute. Hariri deixara o cargo de primeiro-ministro havia apenas quatro meses.

O ex-ministro da economia Basil Fuleihan, que também fazia parte da comitiva, ficou gravemente ferido. Ao menos cem pessoas se feriram, segundo autoridades.

A explosão, diante do hotel St. George, criou uma profunda cratera na rua, destruiu a fachada de prédios luxuosos e incendiou carros. A rua ficou coberta por escombros e vidros quebrados.

A blindagem dos veículos da comitiva de Hariri não evitou que eles ficassem destruídos. Uma fonte importante disse que a explosão foi causada por um carro-bomba.

Um grupo islâmico até então desconhecido disse numa gravação de vídeo reproduzida pela TV Al Jazeera que executou o ataque por causa do apoio de Hariri ao governo saudita. A autenticidade da reivindicação não pôde ser comprovada.

Desde sua renúncia, Hariri continuava tendo influência política. Ele tinha recentemente se unido aos apelos da oposição para que os soldados sírios deixem o Líbano antes das eleições gerais de maio.

"A Síria considera este um ato de terrorismo, um crime que pretende desestabilizar (o Líbano)", disse à Reuters por telefone o ministro da Informação sírio. O presidente da Síria, Bashar al-Assad, chamou a explosão de "um ato criminoso horrendo". O presidente libanês, Emile Lahoud, convocou uma reunião de emergência do gabinete.

Numa conversa por telefone com Lahoud, Assad disse que não devem ser poupados esforços para encontrar os assassinos de Hariri.

A Casa Branca condenou o assassinato e disse que o Líbano deveria ser capaz de avançar para o futuro "livre da violência e da intimidação e livre da ocupação síria", mas deixou claro que não estava acusando a Síria pela morte.

O grupo guerrilheiro xiita Hizbollah classificou o ato como um "crime odioso" que pretende instalar o caos no país. O enterro de Hariri estava programado para quarta-feira, e o governo declarou três dias de luto oficial.

Durante a guerra civil, os ataques com carros-bomba eram comuns em Beirute, mas desde seu final se tornaram raros.

"Isso é serviço de um serviço de inteligência, não de um grupo pequeno", disse Rime Allaf, especialista em Oriente Médio do Royal Institute of International Affairs, em Londres.

Kuweit, Egito, Jordânia, Autoridade Palestina, Grã-Bretanha e Arábia Saudita condenaram o ataque. O presidente da França, Jacques Chirac, amigo de Hariri, pediu uma investigação internacional, e a União Européia pediu que o Líbano mantenha a eleição de maio.

O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, disse que Washington iria consultar outros governos sobre medidas que podem levar à punição daqueles responsáveis pela explosão.

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