Cabo da Polícia Militar é condenado por morte de aposentado

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Publicado Quarta, 15 de Outubro de 2003 às 02:14, por: CdB

O cabo da Polícia Militar Hércules de Araújo Agostinho foi condenado a oito anos de cadeia pelo assassinato do aposentado Manoel Pereira de Lima, morto em dezembro de 1998, em Várzea Grande. A condenação pelo Tribunal do Júri saiu após mais de dez horas de julgamento, que só terminou na madrugada desta quarta-feira.

O júri popular começou às 14h15, com mais de uma hora de atraso. Hércules chegou ao Fórum de Várzea Grande com um forte esquema de segurança, escoltado por vários policiais militares. Em seu depoimento, que durou cerca de 40 minutos, o cabo alegou legítima defesa.

Ele falou que não teria matado o aposentado se este tivesse dito que aquela era a sua casa. Relatou que foi chamado no momento em que fazia ronda em uma viatura da PM na companhia do policial Laurindo, seu colega de corporação. Antes deles, uma outra equipe havia sido acionada, mas não encontrou o endereço do aposentado.

Manoel Pereira de Lima foi morto no quintal de sua casa, no bairro Nova Várzea Grande, às 14h30 em 31 de dezembro de 1998.

Hércules relatou que quando chegou à casa, o aposentado ameaçou atirar caso o policial entrasse. Em seguida, o cabo foi para outro lado e pulou o muro. De acordo com seu depoimento, foi o aposentado quem atirou primeiro.

Os dois disparos, no entanto, não acertaram Hércules, que revidou. Na votação dos quesitos, quatro dos sete jurados entenderam que o policial não agiu em legítima defesa. O advogado de Hércules, Jorge Godoy, informou que vai recorrer da decisão.

Duas testemunhas falaram pela defesa e duas pela acusação. Clarice Hunter e o policial Laurindo, arrolados pelos advogados de Hércules, entraram em contradição, segundo o promotor Theodósio Ferreira de Freitas. No depoimento dado na fase de instrução, Laurindo disse que Hércules não havia dialogado com Manoel Pereira de Lima. Ontem, porém, relatou que o cabo chamou o aposentado para o lado de fora da casa.

Pela acusação, o depoimento mais contundente foi o do filho do aposentado, Olindo Pereira de Lima, que revelou que ao contrário do que alegou Hércules, seu pai não portava revólver ou faca no dia do crime.

O assassinato ocorreu quando Hércules, lotado no 4° Batalhão da Polícia Militar de Várzea Grande, foi atender a um chamado de vizinhos que denunciavam que um homem estava armado fazendo ameaças. Teria sido uma ação no estrito cumprimento do dever,segundo a defesa. Já a promotoria garante que o que houve foi uma execução.
 
Na manhã do crime, alguns garotos jogaram uma bola no quintal do aposentado. Irritado, ele pegou uma faca cortou em vários pedaços a bola. Depois, teria apanhado seu revólver e feito disparos para o alto. Vizinhos, então, teriam acionado a PM. A polícia só compareceu ao local às 14h30.
 
De acordo com o filho do aposentado, Olindo Pereira Lima, seu pai ouviu um barulho e foi até o quintal verificar se não eram os garotos. Quando o pai estava voltando, o filho ouviu o primeiro disparo. Hércules acabara de pular o muro e disparou.
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