Brincando de "polícia e ladrão" no smartphone

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Publicado Segunda, 05 de Setembro de 2011 às 08:56, por: CdB

Transformar cidades em grandes espaços de jogo? Agora isso é possível através da geolocalização e aos "smartphones", os telefones celulares inteligentes.

Brincadeiras de criança como "polícia e ladrão" ou a caça ao tesouro entram agora em uma nova era.

"Bang! Vocês morreram!". Escondidos em um canto da casa, os três ladrões seguram os celulares nas mãos e atiram sobre o grupo de agentes que acaba de aparecer no local.
 
Algumas horas mais tarde, em uma ruela próxima às margens do lago, dois jovens tentam escapar o mais rápido possível. "Se mexa, se mexa, eu os vi...eles estão no final da rua", grita a menina ao menino. "Vá pela outra rua e assim estou presa", grita ela a duas outras pessoas.

Uma brincadeira 

A canícula (época de calor muito forte na Europa) do mês de agosto teria transformado esses jovens da cidade de Neuchâtel em detetives ou membros da gangue do Al Capone? Não, estamos falando aqui de participantes do jogo "The Target" (O Alvo).
 
O princípio é relativamente simples. Um grupo de "bandidos" deve juntar uma série de objetos espalhados nos quatro cantos da cidade e que devem lhe permitir dar uma série de golpes. Dessa forma, para se apropriarem de um tesouro de 400 mil francos, os malfeitores devem primeiramente roubar um caminhão e apreender explosivos escondidos lá e cá. O objetivo final é roubar um milhão de francos, pelo menos. No campo adversário, três equipes de policiais deverão tentar impedir-lhes e prender os criminosos.
 
Mas do que se trata o jogo? A resposta é uma mistura de "polícia e ladrão" e uma caça de tesouros versão século 21. "The Target" é praticado graças a brinquedos de tecnologia de ponta encontrados atualmente nas lojas. De fato, cada equipe está equipada de um smartphone ligado a uma rede de GPS. O visor mostra o mapa da cidade e os lugares precisos onde estão escondidos os objetos virtuais que precisam ser encontrados, e os locais para cometer os crimes.
 
A cada três minutos, os bandidos podem descobrir onde estão os policiais. Esses últimos não podem verificar a posição dos fugitivos que a partir de intervalos de seis minutos. Assim, enquanto os malfeitores tomam posse de um objeto ou cometem um assalto, os policiais são prevenidos por uma mensagem. Eles podem determinar assim o perímetro no qual se encontram os bandidos. Uma vez no local, eles só precisam clicar no botão "atirar" do seu telefone celular...a não ser que os bandidos atirem antes.
 
Jogo terminado? Ainda não. Enquanto os policiais prendem um bando de ladrões, os papéis se invertem e a partida recomeça.

Questão de dinâmica 

Por vezes, alguns grupos se mostram menos dinâmicos do que outros. Por exemplo, se os bandidos não são suficientes rápidos para correr, eles são detidos mais rapidamente", explica Christophe Challandes, chefe da empresa Neuch’Evasion, que comprou o jogo desenvolvido por um informático belga.
 
"O jogo me agrada bastante, pois oferece uma forma diferente de descobrir cidade", reforça Matthieu, um participante que não tira o olho do visor do celular, pois está à procura de um lugar onde os ladrões podem estar se escondendo. Um pouco menos entusiasta, Floriane lamenta o tempo perdido, em demasia para o seu gosto.
 
Às vezes as pessoas lutam para domar rapidamente a implementação das funções do telefone celular. "Bum! Os bandidos passaram por cima de uma mina terrestre". O jogo começou há dois minutos apenas quando os policiais receberam essa mensagem. Na realidade, os malfeitores haviam esquecido a mina que eles próprios haviam enterrado para atacar os policiais. Tanto faz, o jogo deve recomeçar.

Grande potencial 

Lançado há dois meses, o jogo está fazendo um grande sucesso. Christophe Challandes organiza partidas deles várias vezes por semana. Um objetivo que ele não pensava em alcançar rapidamente. Pelo momento a clientela ainda é formada por empresas desejosas em oferecer essa experiência a seus colaboradores, sobretudo por ocasião da festa anual.
 
"The Target" não é o único jogo do tipo no mercado. Há dois anos uma pequena empresa criada há pouco tempo em Zurique criou e desenvolveu o "Gbanga", um jogo "mafioso" para o iPhone. Seu objetivo é se apropriar de bares, restaurantes e outros estabelecimentos na própria região do usuário a partir do momento da sua presença física.
 
O potencial desses aplicativos lúdicos de acesso a uma "realidade expandida" é considerável. Christophe Challandes não quer, inclusive, ficar só nisso: "Em breve iremos propor o The Target em outras cidades. Além disso, queremos lançar outros jogos semelhantes, destinados especialmente às empresas desejosas de desenvolver o espírito de iniciativa como, por exemplo, administrar uma empresa virtual, comprando e vendendo produtos em lugares precisos."
 
Mas o objetivo continua o mesmo: "Antes de tudo espero que as pessoas se divirtam e que acabem correndo nas ruas da cidade e se divertindo como crianças de cinco anos."

Daniele Mariani, swissinfo.ch
Adaptação: Alexander Thoele

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Edição digital

 

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