Bolsa para cotistas de universidades federais visa a aumentar a permanência nos cursos

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Publicado Sexta, 30 de Novembro de 2012 às 10:59, por: CdB
Bolsa para cotistas de universidades federais visa a aumentar a permanência nos cursos

Anúncio foi feito ontem (29) pelo ministro Aloizio Mercadante, alunos com renda inferior a 1,5 mínimo vão receber o benefício

Por: Júlia Rabahie, da Rede Brasil Atual

Publicado em 30/11/2012, 14:51

Última atualização às 14:51

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São Paulo – O ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT), anunciou ontem (29), ao participar de cerimônia de lançamento da expansão do programa Brasil Carinhoso, a concessão de uma bolsa aos estudantes com renda inferior a 1,5 salário mínimo que entrarem pelo sistema de cotas nas universidades federais do país. “Os alunos com renda per capita inferior a 1,5 salário mínimo vão fazer medicina, que é tempo integral, durante seis anos. Como eles vão terminar a faculdade se não tiverem uma renda?”, exemplificou.

Segundo Mercadante, este será um reforço na política de permanência dos alunos na universidade. Não houve detalhamento sobre o valor da bolsa, mas o ministro afirmou que o benefício será pago diretamente, através de um cartão de crédito cedido pelo governo. Ele também comentou sobre outros tipos de assistência universitária. “Vamos ter um professor, aluno de pós-graduação acompanhando, estimulando cada um dos estudantes que estão entrando pelo regime de cotas".

Para Douglas Belchior, conselheiro da Uneafro, a decisão anunciada ontem é fruto da luta histórica do movimento negro. “Conseguimos vitórias e esta é uma delas. O simples acesso é insuficiente, principalmente quando estamos falando de uma população que é precarizada.”

Frei David Santos, da Educafro, também considera a medida um avanço. Ele ressaltou a importância dos investimentos do poder público na políticas sociais como fator essencial ao funcionamento adequado destas políticas. “Queremos parabenizar porque agora está se investindo no sucesso das cotas. Um governo sério não cria políticas públicas só com papel e caneta.”

Frei David ainda reafirmou a importância de a bolsa ser concedida diretamente aos alunos. “Entendemos que não passar pelas universidades é uma garantia de que o dinheiro chegue ao seu fim certo.”

Cotas paulistas

Em reunião organizada pela Frente Pró-cotas, que agrega movimentos que lutam por cotas raciais na cidade, realizada ontem no Sindicato dos Advogados de São Paulo, ficou acertado que os movimentos negros irão promover ações na primeira semana de dezembro para se contrapor ao projeto de plano de cotas que, segundo o reitor da Unesp, Julio Cezar Durigan, já foi fechado pelas três universidades estaduais. A entrevista com o reitor foi publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo na segunda-feira (26). Segundo Durigan, o plano seria enviado ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) ainda nesta semana. 

A principal crítica da Frente é relativa aos cursinhos anteriores à entrada do cotista na universidade, que teriam duração de dois anos e valor de graduação, já preparando o aluno para o mercado de trabalho. O curso seria semipresencial e administrado pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Vunesp).

Leia também: Universidades públicas de São Paulo não confirmam proposta de plano de cotasMovimentos negros reprovam plano de cotas das universidades públicas de SP

Para Belchior, a política proposta pelas universidades cria barreiras para os alunos cotistas. “O que percebemos é que há uma postura das universidades de fazer uma política de ação afirmativa que seja a menos eficaz possível do ponto de vista das reivindicações do movimento, e que seja a mais cômoda para eles: a que representa menor mudança em relação ao acesso efetivo à universidade”, diz.

As assessorias das três universidades estaduais (Usp, Unesp, Unicamp) disseram não ter informação oficial sobre o fechamento do plano de política de cotas. A assessoria do governo estadual disse que Alckmin ainda aguarda a proposta dos reitores, que será debatida entre os deputados e a governo do estado.

 

 

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