Oposição e governo travaram, na manhã desta quarta-feira, um embate na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara acerca da votação do requerimento do PT para o engavetamento da CPI do Apagão Aéreo. Aos berros, amparados por todas as manobras regimentais possíveis, a oposição tentou impedir que o requerimento fosse votado pela comissão, para protelar a votação até que o Supremo Tribunal Federal (STF) analisasse o caso.
Aliado do governo, o presidente da CCJ, deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), foi questionado pelos oposicionistas que o acusam de não manter uma postura isenta.
- O senhor está deixando evidente sua intenção de ajudar o governo ao impedir que a oposição se manifeste. Não suje a sua biografia que está sendo construída. Sirva a democracia e não ao governo - disse o líder da oposição, deputado Júlio Redecker (PSDB-RS).
Deputado do PSol, Chico Alencar foi mais longe:
- Queria descobrir, por Deus, que razões o governo tem para impedir essa CPI. Se o Carlos Wilson (ex-presidente da Infraero), que dizem pode ser atingido pela CPI, está a favor, por que o governo teme tanto?.
- Muita calma nessa hora - tentou amenizar o deputado Ciro Gomes (PSB-CE).
- Estou apenas seguindo o regimento - defendeu-se Picciani.
O líder do PFL, Onyx Lorenzoni deixou clara a intenção da oposição:
- Nós vamos obstruir tudo. O Governo está querendo esmagar a minoria - disse.
Na segunda-feira a oposição ingressou com um recurso no Superior Tribunal Federal para garantir a instalação da CPI. PSDB, PFL e PPS não aprovam decisão do plenário de encaminhar para a CCJ a decisão. Alegam que, como minoria, tem o direito constitucional de criar uma CPI independentemente da vontade da maioria da Casa.
Nesta terça-feira, à noite, deputados da oposição foram ao STF conversar com o relator do recurso apresentado por eles, ministro Celso de Mello, a decisão de vê sair ainda hoje.