Baixada Fluminense revive seus dias de faroeste

Arquivado em:
Publicado Domingo, 26 de Agosto de 2001 às 12:27, por: CdB

Assassinatos reacendem disputa de poder entre famílias e impõem clima de terror na região. Políticos fazem questão de andar armados O clima de faroeste tomou conta da política na Baixada Fluminense. Em menos de 15 dias, dois crimes em Magé – do jornalista Mário Coelho Almeida Filho e do assessor Marilton Raimundo Cardosos Santos, que trabalhava no gabinete da deputada estadual Núbia Cozzolino (PTB) – trouxeram à lembrança Tenório Cavalcanti, o Homem da Capa Preta. O lendário justiceiro de Duque de Caxias costumava resolver as divergências políticas com sua metralhadora, carinhosamente apelidada de Lurdinha, numa vida marcada por 47 atentados. As duas mortes em Magé revivem a velha rivalidade entre famílias, prática comum do coronelismo. De um lado, o prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito, que elegeu na cidade a mulher Narriman. Do outro, Núbia Cozzolino, que além do apoio da família, ganha a inesperada ajuda do ex-inimigo Nelson do Posto. O objetivo é o mesmo: expulsar a família Zito de “suas terras”. Em Magé, andar armado passou a ser questão de segurança para o vereador Genivaldo Ferreira Nogueira, o Batata (PL). Outros já o fazem mesmo antes dos dois assassinatos, como o vereador Dejair Corrêa (PT do B), que afirma não ter medo de bandidos. “Eles sabem com quem estão se metendo”, avisa. Os vereadores Eduardo Barreto de Oliveira, o Duduca, Héber Vieira Coutinho e Alexandre Pereira de Alcântara, embora afirmem não ter seguranças, não têm sido vistos mais andando sozinhos. O clima político esquentou depois que Narriman Zito ganhou as eleições municipais, deixando para trás décadas de domínio político das famílias Cozzolino e do Posto. “As brigas entre eu e o Nelson (o ex-prefeito Nelson do Posto) eram só bate-boca. Nunca houve tiro nem morte. Isso aconteceu depois que o pessoal do Zito veio para cá”, ataca Núbia. “É o que ocorre quando não se é mageense”, engrossa o coro Nelson do Posto, que deixou de lado as desavenças com Núbia. “São uns despreparados. Quem me acusar de crime vai ter que provar. Não vou deixar barato”, retruca Zito. A exemplo dos coronéis que marcaram época na Baixada, famílias dominam o cenário político em Nilópolis, que tem como representantes o deputado federal Simão Sessim (PPB) e o prefeito Farid Abrão David (PPB), e em Nova Iguaçu, onde o ex-deputado Fábio Raunheitti, dá as cartas, ajudando a eleger o sobrinho, deputado federal Fernando Gonçalves (PTB) e o filho, deputado estadual Fabinho.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo