Baderneiros invadem universidade na China e quebram tudo

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Publicado Quarta, 25 de Outubro de 2006 às 10:50, por: CdB

Milhares de universitários iniciaram distúrbios no leste da China, ao longo desta semana, disseram autoridades e estudantes nesta quarta-feira. Um ministro sugeriu mais esforços para controlar as mobilizações populares. Alunos da Faculdade Vocacional do Vestuário, na província de Jiangxi, fizeram uma passeata no campus na segunda-feira, depois que a imprensa estatal disse que os diretores da escola haviam enganado calouros sobre suas futuras qualificações e emitido diplomas falsos.

- Eles cometeram atos extremos, como vandalismo e saques. A polícia antidistúrbios foi posicionada no campus para manter a ordem - disse um policial da província à agência inglesa de notícias Reuters, por telefone.

Mas alguns estudantes ouvidos por correspondentes internacionais negaram os abusos e atribuíram os danos a baderneiros de bairros vizinhos, que teriam se aproveitado do caos na terça-feira.

- É gente de fora que arrombou os escritórios e levou os computadores. Nós estudantes estávamos descontentes, mas só fizemos uma passeata e exigimos uma resposta da escola - disse um aluno.

Esse aluno, entre outros que falaram com os jornalistas, disseram que não houve feridos nem presos. O campus voltou ao normal na quarta-feira. Na segunda-feira, a TV estatal mostrou uma longa reportagem sobre como a faculdade, privada, havia matriculado 20 mil alunos nos últimos três anos, muito acima das quotas aprovadas, prometendo-lhes diplomas que a escola não estava qualificada para emitir.

As faculdades particulares tiveram forte crescimento na China na última década, abrigando alunos que não conseguem passar nos disputados vestibulares para as universidades públicas. Ocorre, porém, que as faculdades privadas são mal fiscalizadas. Em junho houve uma manifestação semelhante em outra faculdade privada, na província de Henan. Irritados com os termos escritos em seus diplomas, milhares de alunos quebraram vidraças e vandalizaram o campus, que foi interditado.

Zhou Yongkang, ministro da Segurança Pública, disse na quarta-feira estar tentando controlar as tensões e propôs ao governo que aumente o controle sobre a sociedade, cada vez mais diversa e exigente. O forte crescimento econômico chinês é ofuscado pelo crescente descontentamento dos seus cidadãos, que esperavam mais participação nas riquezas e mais oportunidades, segundo artigo de Zhou Yongkang no jornal Diário do Povo, porta-voz do Partido Comunista.

Zhou acrescentou que o crescimento deve ser mantido ao lado de novas políticas para os migrantes, mais controle sobre o uso da Internet e melhor monitoramento das queixas da opinião pública. No ano passado, o ministro disse que em 2004 a China registrou 74 mil "incidentes de massa", protestos e distúrbios, no jargão comunista, 16 mil a mais do que no ano anterior.

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