Ataques simultâneos deixam mais de 20 mortos em S. Paulo

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Publicado Sábado, 13 de Maio de 2006 às 09:01, por: CdB

Um saldo de 21 mortos, mais do que o número vítimas na última semana de batalhas em Bagdá, no Iraque, é o resultado dos ataques a delegacias e bases policias ocorridos na noite desta sexta-feira na capital paulista. Foram 14 policiais mortos, seis criminosos e a mulher de um deles, que também foi baleada durante a madrugada. Segundo a secretaria estadual de Segurança Pública, os ataques foram mesmo uma represesália à transferência de presos do interior para a capital. Autoridades policiais descobriram o plano da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) para uma série de rebeliões e seqüestros por todo o Estado.

As seqüência de ações aconteceu em várias regiões da cidade e em alguns municípios no litoral e interior do Estado. Os ataques se iniciaram apenas algumas horas após a transferência de líderes do PCC para uma unidade em Presidente Venceslau (distante 600 km a oeste de São Paulo) e para a sede do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), da Polícia Civil, em Santana (Zona Norte de São Paulo). Entre os presos levados para o Deic estava Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, líder da facção. Os oito integrantes do PCC internos na unidade foram transferidos na manhã deste sábado.

No início da madrugada, o alto-comando da polícia esteve reunido no quartel da Polícia Militar, na região da Luz, para avaliar a onda de ataques. Participaram da reunião o Secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, o delegado-geral da Polícia Civil, Marco Antônio Desgualdo, o diretor do Deic, Godofredo Bittencourt, o comandante do Policiamento Metropolitano, Eliésio Rodrigues, e o comandante-geral da PM, coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges. No início dos ataques, Marcola foi levado à sala do diretor do Deic, mas o teor da conversa não foi divulgado, embora a assessoria de imprensa da secretaria tenha dito que Marcola conversou informalmente com policiais do Deic, mas se negou a prestar qualquer depoimentos formal.

Rebelião

Presos de duas penitenciárias localizadas no interior de Estado mantêm reféns desde a tarde desta sexta-feira. Ainda não há informações sobre feridos ou reivindicações. As rebeliões ocorrem na penitenciária 1, no município de Avaré, e na penitenciária de Iaras (200 km a noroeste de São Paulo), unidades que abrigam integrantes do PCC. Durante a quinta-feira, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SAP) promoveu uma megaoperação que transferiu mais de 600 detentos para a recém-reformada P-2 de Presidente Venceslau (600 km a oeste de São Paulo) e realizou revistas em todas as unidades de regime fechado do Estado. A secretaria definiu a operação de reocupação da prisão de Presidente Venceslau como "administrativa" e atribuiu a uma casualidade o fato da reforma ter terminado há apenas alguns dias.

Com a transferência em massa, porém, o governo teria como objetivo desarticular a atuação de facções criminosas no sistema penitenciário, inclusive na promoção de rebeliões simultâneas.

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