Ataques de Serra não surtem efeitos e campanha tucana entra em crise

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Publicado Segunda, 23 de Setembro de 2002 às 22:33, por: CdB

A campanha do senador José Serra (PSDB) a presidente vive sua pior crise. Não bastasse o risco de vitória do PT no primeiro turno, o tucano tem o candidato do PSB, Anthony Garotinho, em sua cola e um prazo curtíssimo - apenas 12 dias - para voltar a crescer nas intenções de voto, já que pesquisas recentes mostram-no estacionado na faixa dos 19% da preferência do eleitorado. Estrategistas do PSDB e do PMDB confessam-se meio perdidos. A única certeza, por ora, é que o programa eleitoral do tucano não deve mais bater pesado no PT, como vinha fazendo. Hoje, Serra passou o dia em conversas com marqueteiros e assessores mais próximos, reajustando o tom e regravando algumas passagens do programa. O recado de que a maioria do eleitorado reprova os ataques mais pesados ao PT veio ainda na noite de sábado, quando, por determinação judicial, a campanha de Serra tirou do ar todas as cenas contra o PT. O rastreamento telefônico feito pela equipe de marketing identificou que o programa foi muito bem avaliado, o que já não vinha ocorrendo. O cientista político Antonio Lavareda, um dos estrategistas da campanha de Serra, tem deixado claro que a tática dos ataques, embora inevitável, impunha riscos à candidatura tucana. O risco, apontado por Lavareda e comprovado pelo Datafolha, chama-se Garotinho. Foi ele quem capitalizou a pancadaria. Enquanto a popularidade de Serra despenca nas grandes metrópoles, o candidato do PSB ganha votos. O retrato da crise na campanha da aliança PSDB-PMDB, com expressões de desolação em alguns casos, é exposto pelos aliados. "Eu já estou para ficar doido com estas pesquisas e não sei mais de nada", admitia o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), confuso entre os resultados do Ibope da semana passada, que mostrou Lula em queda de 2 pontos porcentuais, e o Datafolha de domingo, que registrou alta do petista de 4 pontos. "Temos que fazer campanha; não vou mais olhar pesquisa", diz. Entre os tucanos, enquanto o candidato discute em São Paulo o que fazer, seus auxiliares esforçam-se em manter o ânimo, mas ficam claras as divergências sobre o rumo da campanha. "A idéia é tocar nossa campanha com todos os agentes políticos e a militância nas ruas, pedindo voto. E quanto mais propostas e conteúdo apresentarmos na televisão, melhor", diz o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA). Mas, apesar de o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ter subido nas pesquisas quando era o alvo da pancadaria do PSDB, a estratégia ainda é defendida por alguns setores do tucanato. "Não quero falar mal da estratégia de ataques ao PT porque ela cumpriu seu papel. Se não tivéssemos optado por ela, Lula já teria vencido a eleição", diz um dos principais interlocutores de Serra. "Foi uma etapa desagradável, mas necessária", concorda Jutahy, convencido de que a estratégia do confronto foi útil para pôr a comparação entre Lula e Serra na pauta política e na agenda do eleitor. As comparações de perfis, biografias e propostas vão continuar, agora em outro tom, evitando agressões. E não só na televisão. Os agentes políticos serão cobrados a pegarem firme na campanha em suas bases. Embora Serra tenha se revelado abatido com o resultado da pesquisa Datafolha do último domingo, registrando uma subida de Lula de 40% para 44%, e queda de Serra de 21% para 19%, o líder Jutahy mantém o otimismo e aposta na presença de Serra no segundo turno das eleições. "Temos um espaço imenso para crescer". Quanto ao desempenho de Anthony Garotinuo, alguns políticos preferem acreditar que se trata de um risco calculado. "Ele bateu no teto", diz o líder tucano, engrossando as previsões de seu colega Geddel Vieira Lima. Ambos apostam que Serra irá para o segundo turno com Lula e que Garotinho já cresceu tudo que poderia crescer. "Ele não está crescendo nos grandes centros, mas na periferia das grandes cidades, onde se concentra o eleitor evangélico", justifica o tucano. Não é exatamente o que pensam os estrategistas da ca

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