As duas vidas de Mohamed Atta: Estudante e terrorista

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Publicado Terça, 25 de Setembro de 2001 às 18:28, por: CdB

"Ele era um rapaz maravilhoso, sorridente, calmo e trabalhador": terça-feira à tarde, em um hotel do Cairo, Mohamed al-Amir Atta recebeu os jornalistas para responder às perguntas sobre um de seus filhos. Em 11 de setembro, Mohamed al-Amir sl-Sayed Awad Atta, de 33 anos, estava no comando do Boeing que derrubou a primeira torre do World Trade Center, como afirmam os investigadores do FBI, que o têm como um dos principais organizadores do atentado. Para seu pai, no entanto, ele era outra pessoa. Era um outro Mohamed, que passou sua infância toda no delta do Rio Nilo. Garoto modelo, "excelente aluno", lembra seu pai, "ele passava suas férias lendo romances ou publicações científicas. Ele nunca passou seus dias como os outros garotos, com suas brincadeiras de batalha com suas pistolas, por exemplo. Seu lazer preferido era jogar xadrez comigo". Advogado reconhecido, cabelos brancos, óculos discretos e vestido de terno e gravata, Mohamed Al-Amir pai se apresenta distintamente. A família, típica da classe média egípcia, mora em um bom imóvel no subúrbio a sudeste do Cairo. Suas duas irmãs ainda estão estudando. Querem ser professoras universitárias. 1992, estudante aplicado de arquitetura Após o primário, o filho de Mohamed ingressou na Univesidade do Cairo, onde concluiu o curso de Arquitetura. Paralelamente, ele aprendeu inglês na faculdade americana da cidade e alemão no Instituto Goethe. Seu pai o colocou em contato com universidades na Alemanha e na Suiça: "Eu preparei o terreno caso ele decidisse partir daqui. Ele era muito ligado à família, principalmente, com sua mãe", lembra. Mohamed estudou em Hamburgo, na Alemanha, em 1992, onde trabalhou em um escritório de Urbanismo, com um salário de 850 euros (R$ 2,4 mil) por 19 horas semanais. Em 1997, segundo um amigo alemão, Mohamed já demonstrava seu "ceticismo com as consquistas do mundo ocidental", e sua cólera face "à entrega de lixo tóxico no Egito", mas sem falar sobre suas idéias políticas. "Meu filho odiava o Osama bin Laden", lembra Mohamed, irritando-se com a insinuação dos jornalistas de que ele pertenceria ao Al-Qedda ou que estivesse no vôo que colidiu contra a primeira torre do WTC. Mas em sua bagagem, por exemplo, o FBI encontrou fitas cassetes de simuladores de vôo, um caderno de orações e um testamento em árabe, no qual se descreve como um mártir.

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