Apuração prossegue no Iraque, apesar de ameaças da Al Qaeda

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Publicado Terça, 01 de Fevereiro de 2005 às 20:16, por: CdB

O Iraque começou a totalizar os resultados eleitorais na terça-feira e aliviou o esquema de segurança colocado em vigor durante a histórica votação de domingo, apesar de a Al Qaeda prometer manter a sua "guerra santa".

A apuração manual de milhares de urnas já terminou, e agora os números estão sendo checados antes de serem digitalizados. O resultado final, a ser divulgado na próxima semana, deve colocar a maioria xiita da população no poder pela primeira vez, depois de oito décadas de domínio da minoria sunita.

O político xiita Abdul Aziz Al Hakim, líder da Aliança Iraquiana Unida, proclamou a vitória de seu grupo na terça-feira e disse que espera a participação de todos as tendências do país, inclusive dos sunitas, no futuro político do Iraque.

- A Aliança Iraquiana Unida obteve uma vitória avassaladora. Sabemos que a maioria dos que votaram o fizeram na aliança,- afirmou Al Hakim à Reuters. A lista concorreu com o apoio do influente aiatolá xiita Ali Al Sistani.

O comparecimento eleitoral foi satisfatório nas áreas xiitas do sul e curdas do norte, mas reduzida nos redutos da população árabe sunita, onde a violência é maior, num sinal dos riscos de conflitos religiosos.

Apesar de o pleito ter ocorrido em clima mais tranquilo do que se esperava, a violência continua. Sete pessoas morreram na explosão de três bombas em ruas da zona norte de Bagdá, e duas outras morreram da mesma forma na cidade de Arbil, no norte.

Em outro incidente, o ministro iraquiano dos Direitos Humanos disse que os guardas responsáveis pela morte de quatro presos durante um motim em um quartel no sul do país deverão ser julgados se ficar provado que eles usaram força excessiva.

O incidente aconteceu no quartel Bucca, perto da fronteira com o Kuweit, onde mais de 5.000 suspeitos de serem militantes estão detidos.

O militante jordaniano Abu Musab Al Zarqawi, o "representante" da Al Qaeda no Iraque, ameaçou, em texto divulgado pela Internet, retaliar a morte dos prisioneiros. "Qual foi o erro desses prisioneiros indefesos para que vocês os tratassem assim? Tiranos da nossa era, não vamos permitir que esses crimes fiquem impunes -- vamos acertas as contas."

Líderes do governo interino insistiram que é cedo para a retirada das tropas norte-americanas, embora o presidente do país, Ghazi Al Yawar, tenha dito que cerca de 170 mil soldados estrangeiros podem ser retirados até o final do ano, desde que haja tropas locais treinadas para substituí-las.

O grupo de Zarqawi, que não conseguiu prejudicar significativamente as eleições de domingo, prometeu manter sua luta contra a ocupação norte-americana e contra iraquianos que colaborem com ela.

- Nós, da Organização da Al Qaeda para a Guerra Santa no Iraque, vamos manter a jihad até que a bandeira do Islã tremule sobre o Iraque - disse a nota divulgada por um site islâmico.

Apesar do alerta, as autoridades reabriram as fronteiras e autorizaram a retomada dos vôos no aeroporto internacional de Bagdá. As medidas eram parte do esquema de segurança eleitoral, que incluiu a ampliação do toque de recolher nas cidades e a proibição do tráfego nas estradas no domingo.

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