O acordo só foi anunciado à 0h05 deste domingo, numa cerimônia no auditório do Palácio das Comunicações, com a presença do presidente Evo Morales, do vice-presidente Álvaro Garcia Linera, do ministro da Presidência, Ramon Quintana, do chanceler David Choquehuanca e do presidente da estatal petrolífera boliviana YPFB, Juan Carlos Ortiz.
Como na noite anterior, quando foram assinados novos contratos com as empresas Total e Vintage, dezenas de militantes do MAS (Movimento ao Socialismo, de Morales) e de movimentos sociais lotaram o auditório para apoiar o presidente Evo Morales.
Confiança
Assinaram os novos contratos as empresas Pluspetrol, Repsol YPF, Andina, Matpetrol, BG Bolivia Corporation, Chaco, Petrobras Bolivia e Petrobras Energia (subsidiária da Petrobras argentina).
Os novos contratos prevêem uma relação de parceria das empresas estrangeiras com a YPFB, que fica com uma parte do faturamento das companhias. De acordo com o decreto de primeiro de maio, as empresas que não firmassem novos contratos nessas condições num prazo de 180 dias deveriam deixar o país sem direito a indenização pelas suas instalações.
"Missão cumprida", afirmou Ortiz na abertura da cerimônia. "Senhor presidente, se cumpriu o mandato do decreto de nacionalização", afirmou ele, dirigindo-se a Morales.
Os novos contratos foram apresentados pelos integrantes do governo como a recuperação, para o povo boliviano, dos recursos nacionais do país. O setor havia sido privatizado há dez anos, "no mesmo lugar onde hoje acontece a nacionalização", como lembrou o locutor.
A assinatura do contrato com a Petrobras Bolívia foi anunciada com destaque pelo locutor e bastante aplaudida pelos presentes. A empresa é a maior do país, com investimento de US$ 1,5 bilhão nos últimos dez anos.
- Quero dizer à Petrobras que eu creio no Brasil. Como presidente e como boliviano - afirmou Morales em seu discurso.
Ele disse que, como o Brasil é o líder da região, suas empresas também têm uma importância muito grande.
- Eu creio no companheiro Lula. E estes acordos nos permitem fortalecer nossa relação. Estes acordos nos permitem integrar-nos. Estamos obrigados a viver um casamento sem divorcio. Ambos nos necessitamos, Bolívia precisa do Brasil e o Brasil precisa da Bolívia - disse ele.
Receita maior
Morales disse que o cumprimento do decreto é uma prova de que "quando se decide mudar a pátria, mudar a história e mudar o modelo neoliberal nos damos conta de que é possível".
Às empresas, ele disse que o país vai respeitar a segurança jurídica, e que para isso é preciso mais recursos para atacar as desigualdades sociais.
- Queremos ter mais recursos para resolver os problemas econômicos do país. Não é possível que continuemos a ter um aproveitamento desigual dos nossos recursos naturais - disse.
Para ele, a redução da desigualdade é que vai trazer a segurança jurídica ao país.
Morales disse que os recursos provenientes do setor petrolífero já aumentaram de US$ 250 milhões ao ano para US$ 500 milhões com o aumento do imposto de 18% para 50% e que depois da nacional