A Anistia Internacional (AI) anunciou nesta quinta-feira a sua preocupação com o aumento da intolerância nacionalista na Rússia, denunciando que as autoridades russas não são capazes de enfrentar a situação. "O Governo do país que atualmente preside o G8 (grupo dos países mais industrializados do mundo) e se prepara para liderar, no próximo semestre, o comitê de ministros do Conselho da Europa, não consegue impedir as manifestações de xenofobia e intolerância", diz um relatório da AI divulgado em Moscou.
O documento lembra que a Rússia tem registrado ataques a estudantes estrangeiros, refugiados da África, Ásia, Oriente Médio e América Latina. Pessoas procedentes do Cáucaso e Ásia Central e membros das comunidades de judeus e ciganos também são alvo de agressões. "As autoridades da Rússia não adotam as medidas necessárias para garantir a ordem pública e impedir os casos de violência racial. A maioria dos fatos desta natureza não é investigada devidamente", afirmou a organização.
O relatório da AI cita os dados do centro analítico russo Sova, segundo os quais em 2005 morreram 28 pessoas e outras 366 foram feridas em 179 ataques de grupos neonazistas em 2005. Em 2004, os ataques xenófobos deixaram 46 mortos e 206 feridos. Os defensores dos direitos humanos destacam que os ataques raciais freqüentemente são promovidos por "grupos bem organizados", cujos integrantes "professam a ideologia de racismo, neofascismo e violência".
"Segundo dados oficiais, na Rússia há cerca de 150 grupos extremistas, com 5 mil membros, mas as organizações não-governamentais elevam o número a 50 mil pessoas", acrescenta o relatório.