Alerta: Número de leões na África caiu 90% em 20 anos

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Publicado Quarta, 08 de Outubro de 2003 às 10:44, por: CdB

A não ser que integrantes da comunidade rural africana se beneficiem mais do ecoturismo, o declínio "assustador" dos leões que habitam o continente vai continuar, alerta um cientista britânico. Menos de 20 mil leões sobreviverão em toda a África, diz ele, apesar de os animais não correrem o risco de extinção imediatamente. O número é 90% menor que o verificado há 20 anos.

O cientista que alerta para o problema é David MacDonald, diretor da WildCRU, centro de preservaçao da Vida Selvagem da Universidade britânica de Oxford.

A maior ameaça para os animais é a caça e conflitos entre fazendeiros locais. Os leões aparentemente estão desaparecendo rapidamente em várias localidades remotas da África, longe das regiões mais freqüentadas pelos turistas.

Estudo

Em uma palestra na Sociedade Zoológica de Londres, MacDonald anunciou os resultados de um estudo realizado por sua equipe, que durou cinco anos, em campos do Zimbábue e de Botsuana.

A estimativa de que 20 mil leões sobreviverão corresponde a um número muito pequeno comparado à população de 200 mil que existia no início dos anos 1980.

Os pesquisadores avaliaram o impacto da prática da caça, por hobby ou competição, no Parque Nacional Hwange, no Zimbábue, que é cercado por concessões à caça pelas quais o parque arrecada algum dinheiro.

Os caçadores preferem leões machos.

MacDonald diz que os níveis de caça no local não são sustentáveis. Dos leões adultos que a equipe acompanhou, 63% foram mortos por caçadores.

O resultado é uma densidade pequena de leões machos, inclusive jovens, que tornam-se alvos de caçadores quando eles não encontram leões mais velhos.

Isso porque os machos se movem mais, até três vezes mais do que as fêmeas, saindo da área protegida pelo parque nacional e caindo na área de caça.

Atualmente, o número de leões mortos excede o número sustentável, e portanto recomendável, de 4% a 10% dos leões adultos. O parque já está considerando abaixar a cota de caça.

A WildCRU compara o conflito entre leões e população rural ao que levou a exterminação de lobos, linces e ursos na Grã-Bretanha há séculos.

Nos quatro anos que passou no parque nacional de Makgadikgadi, em Botsuana, a equipe contastou que os "leões eram envenenados, pegos em armadilhas e mortos". Aparentemente, de acordo com os pesquisadores, nenhum leão morria de causas mais naturais como doenças, fome ou ferimentos.

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