Alemanha não vai agir contra seqüestro no Iraque

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Publicado Quarta, 30 de Novembro de 2005 às 11:33, por: CdB

A chanceler Angela Merkel prometeu, nesta quarta-feira, que a Alemanha não será chantageada por sequestradores que capturaram uma alemã no Iraque. Ela disse que o terrorismo é uma ameaça aos valores centrais da liberdade, da tolerância e do respeito. Ao abrir o seu primeiro grande discurso ao Parlamento desde que assumiu o governo alemão, na semana passada, Merkel citou o caso de uma arqueóloga sequestrada na sexta-feira no Iraque e ameaçada de morte.

- Este governo, este Parlamento não se deixará chantagear. (O terrorismo) é dirigido contra tudo o que nos é importante, que está no centro da nossa civilização. É dirigido contra todo o nosso sistema de valores - disse Merkel.

Os sequestradores ameaçam matar Susanne Ostoff, 43 anos, se a Alemanha não parar de cooperar com o governo iraquiano, que tem o apoio dos EUA, segundo uma gravação recebida por uma TV alemã. É a primeira vez que um cidadão alemão é sequestrado no Iraque. É também o primeiro teste real do governo Merkel, que na terça-feira passada substituiu Gerhard Schroeder e se tornou a primeira mulher no cargo de chanceler da Alemanha.

Durante a campanha, ela prometeu melhorar as relações com os EUA, abaladas pela oposição de Schroeder à guerra do Iraque. Mas o sequestro de Ostoff pode dificultar essa tarefa, já complicada pelos questionamentos dos alemães a respeito das táticas norte-americanas na guerra ao terrorismo e no trato de detentos. Em seu discurso, Merkel, 51 anos, traçou um retrato sombrio da economia alemã, que tem uma das menores taxas de crescimento da União Européia e enfrenta um desemprego superior a 11 por cento. Segundo ela, o novo governo de coalizão, que reúne os dois principais partidos do país, tem uma oportunidade inigualável de resolver esses problemas, desde que permaneça unido.

- O nosso crescimento não decola há anos. Nossa dívida subiu para níveis alarmantes. Os novos Estados (da antiga Alemanha Oriental) pararam de acompanhar (o crescimento dos demais) há alguns anos. Mas vamos mostrar uma coisa: temos um grande potencial no nosso país. A Alemanha está cheia de oportunidades - disse.

A oposição elogiou a reação da chanceler ao sequestro, mas pôs em dúvida a perspectiva de melhorias econômicas e criticou uma proposta de elevação de impostos.

- Com uma grande coalizão, nenhuma mudança fundamental pode ocorrer. O CDU/CSU (bloco conservador, de Merkel) e o SPD (social-democratas) são tão diametralmente opostos em suas opiniões que grandes reformas serão impossíveis - disse Guido Westerwelle, dirigente do Partido dos Democratas Livres, após o discurso de Merkel.

Embora o governo Merkel deva no futuro ser julgado por sua capacidade econômica, a primeira semana dela no cargo foi dominada por questões de política externa. A chanceler viajou a Paris, Bruxelas e Londres, e seu ministro de Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, concluiu na terça-feira uma visita a Washington. Steinmeier, filiado ao SPD e aliado de Schroeder, obteve uma promessa pessoal da secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice, de que Washington responderá às acusações de que a CIA mantém prisões secretas na Europa.

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