Depois do debate, que durou cerca de uma hora e meia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou com jornalistas, nos estúdios paulistanos do SBT, que seu oponente, o tucano Geraldo Alckmin, teve um comportamento superficial.
- Acho que o Alckmin é um pouco eletrônico. De vez em quando eu acho que tem alguém apertando um botão e ele fala as mesmas coisas - disse o candidato petista.
Os debates, no entanto, segundo o presidente, são importantes para o esclarecimento do eleitor:
- De qualquer forma, nós provamos que é possível fazer um debate civilizado.
Acompanhado de nove ministros, além de assessores e do coordenador de campanha, Marco Aurélio Garcia, também presidente do PT, Lula preferiu não comentar a pesquisa do Instituto Vox Populi, divulgado horas antes do programa, que aponta 22 pontos de vantagem de Lula sobre seu adversário. Ele garantiu que seu bom-humor é normal.
- Eu sempre estive bem humorado. Vocês nunca me viram mal humorado nesta campanha. Não tenho razão para estar mal humorado - disse.
Para o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o resultado da pesquisa influenciou no comportamento do presidente.
- O governador Alckmin estava bem treinado, mas deixou de responder perguntas, como as da privatização. No cômputo geral, o presidente foi muito melhor. O presidente é bem humorado, naturalmente, hoje talvez tenha sido efeito das pesquisas - afirmou.
Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, elogiou o confronto e o considerou mais civilizado do que o da TV Bandeirantes, realizado no início do mês.
- Como Lula não sofreu aquela agressão que se deu no outro debate, houve respeito maior, então prevaleceu o raciocínio, a reflexão e a exposição de idéias. Foi um debate mais civilizado, não houve sangue como no outro - disse..
Vitória
O debate entre os candidatos foi definido como uma "pequena vitória" pela coordenação da campanha petista e como um embate "equilibrado" pela campanha tucana.
- A minha impressão é que o presidente Lula se saiu melhor. Para nós, o empate teria sido um bom resultado. Acho que nós saímos com uma pequena vitória - afirmou Garcia, em entrevista depois do debate.
Para o chefe da campanha de Alckmin, senador Sérgio Guerra, "foi um debate equilibrado".
As reações contrastam com as que marcaram o primeiro debate do segundo turno, em 8 de outubro, quando Alckmin assustou petistas com um tom mais agressivo e chegou a empolgar tucanos quanto à possibilidade de uma virada. Pesquisas divulgadas desde então, no entanto, indicam uma estagnação de Alckmin e um crescimento de Lula que, segundo projeções do instituto Datafolha, venceria com 60% dos votos válidos - contra 40% do tucano - se as eleições fossem hoje.
Agressividade
Em entrevista após o debate, Alckmin negou que tenha sido menos incisivo nos questionamentos sobre a origem do dinheiro apreendido que seria usado para comprar um dossiê contra o então candidato ao governo de São Paulo (hoje governador eleito) José Serra.
- Eu coloquei (a pergunta), o candidato não responde - disse Alckmin, que baixou o tom em relação às acusações de corrupção e concentrou seus ataques nas áreas da economia e da saúde, tema de três de suas perguntas a Lula
O tucano, que após o primeiro debate dissera ter conseguido expressar a "indignação" da sociedade brasleira, hesitou em fazer uma avaliação do próprio desempenho na quinta-feira.
- Eu gostei muito. Não vou fazer autojulgamento, mas eu gostei muito - disse.
Para o coordenador petista, houve uma mudança de rumo da campanha tucana depois do suposto impacto negativo dos seus ataques a Lula no primeiro debate.
- Achei que o candidato Alckmin, depois daquele estilo Mike Tyson, que não funcionou muito - até porque para ser Mike Tyson precisa ter musculatura - teve uma certa ambigüidade, e talvez tenha adotado uma tática que não me par