ALCA fará o Brasil perder um bilhão de dólares por ano, diz a FIESP

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Publicado Segunda, 16 de Setembro de 2002 às 20:56, por: CdB

Segundo a Federação da Indústria do Estado de São Paulo (FIESP), o Brasil perderá 1 bilhão de dólares por ano em seu comércio exterior, a partir do dia 1º de janeiro de 2006, data prevista para a entrada em vigor da ALCA. Esse é o resultado do primeiro estudo abrangente sobre as conseqüências da ALCA para o Brasil, apresentado pela FIESP. Incluídos todos os setores, o Brasil passará a exportar mais US$ 1,252 bilhão, se as tarifas de importação de todos os países da ALCA forem levadas diretamente a zero. O país aumentará suas importações em mais de 2 bilhões. Para um país que tem no déficit das contas externas a sua maior vulnerabilidade, gastar mais ainda com importações já é um problema. Pior: "para alguns setores que não estiverem preparados, a ALCA vai ser absolutamente mortal", completa Horácio Lafer Piva, o presidente da Fiesp. O estudo só consolidou cientificamente a expectativa de Piva de que o país tem "a necessidade absoluta de reduzir suas assimetrias em relação aos países desenvolvidos. Sem isso, não dá nem para começar o jogo". São várias as assimetrias. Por exemplo, os Estados Unidos contam com um exército de 16.320 pessoas para sua defesa comercial, ao passo que os brasileiros que participam dessa guerra não vão além de 62. Devido às deficiências internas, por exemplo, o custo para exportar uma mercadoria de 20 mil dólares de São Paulo para Denver (Colorado) será de aproximadamente 1.500 dólares a mais, além de quatro dias adicionais, do que percorrer o trajeto inverso. "É amanhã" O estudo encomendado pela FIESP foi entregue, há duas semanas, aos ministros Celso Lafer (Relações Exteriores) e Sérgio Amaral (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), que são os principais responsáveis pelas negociações da ALCA. Serve, acima de tudo, para mostrar o que o governo precisa fazer "para eliminar as deficiências sistêmicas" do Brasil, como diz Piva. Mas, o trabalho servirá também para que o empresariado se prepare para as negociações e adaptações que terá que fazer, se quiser sobreviver. "2005 e 2006 é amanhã", afirma Piva, aludindo aos prazos para finalizar a negociação da ALCA e para começar a sua implantação. Há, no estudo, também um recado indireto: o prazo para as primeiras ofertas de redução tarifária na ALCA (15 de janeiro) está perto demais. Ainda mais que haverá um novo governo a partir de 1º de janeiro, sem tempo para aprofundar suas propostas de reformas que reduzam as deficiências sistêmicas do país. "As propostas dos candidatos até agora são muito genéricas. Desconfio que só serão aprofundadas para o segundo turno", diz Piva.

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