Em reunião de emergência, a direção da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) aprovou, nesta segunda-feira, uma resolução condenando a decisão da Coréia do Norte de reiniciar seu programa nuclear.
Ainda assim, a agência nuclear – um dos órgãos das Nações Unidas – deu ao país mais uma chance de entrar em conformidade com os acordos internacionais de não-proliferação de armas nucleares.
A resolução da Aiea “deplora, nos termos mais fortes, os atos unilaterais da Coréia do Norte para impedir o funcionamento do equipamento de vistoria e contenção em suas instalações nucleares e nos materiais ali contidos”.
O documento da agência refere-se à decisão da Coréia do Norte, anunciada e implementada no mês passado, de expulsar os inspetores de armas da Aiea que vinham monitorando a usina nuclear de Yongbyon.
As autoridades norte-coreanas também ordenaram o desmonte dos equipamentos usados pelos técnicos para acompanhar as atividades na usina
O diretor-geral da Aiea, Mohammed El-Baradei, declarou que as atitudes do governo de Pyongyang deixaram a agência “sem pistas” do que o país está fazendo – “não apenas no que diz respeito ao programa passado, mas à atividade atual”.
“A Aiea não tem como verificar se houve desvio de material nuclear na Coréia do Norte”, diz a resolução, sugerindo que determinadas atividades com fins civis agora podem ter destinação militar.
A direção da Aiea, que inclui representantes de 35 países, convocou a Coréia do Norte a “cooperar urgente e plenamente”, seguindo uma série de medidas, como participar de uma reunião imediata com autoridades da agência, permitir a retomada das monitorações e “abrir mão de qualquer programa de armas nucleares”.
El-Baradei salientou que a Aiea está dando a Pyongyang “mais uma chance de ficar em acordo” com as normas internacionais.
Por outro lado, o diretor alertou que, caso a Coréia do Norte não coopere, “a questão será levada ao Conselho de Segurança” da ONU.
Se passar a ser tratado pelo Conselho de Segurança, o problema poderia desencadear ameaças de mais sanções contra um país já assolado pela fome ou até mesmo uma ação militar apoiada pela organização mundial.
“A mensagem da direção é que a comunidade internacional não está pronta para negociar sob chantagem ou sob ameaça e que a Coréia do Norte tem, primeiro, que cumprir suas obrigações internacionais”, disse El-Baradei.
O governo norte-coreano não respondeu de imediato à resolução da Aiea.
Em Washington, a repreensão da Aiea à Coréia do Norte foi elogiada pelo governo do presidente George W. Bush.
“Estamos encantados com esse texto”, reagiu o subsecretário de Estado para Não-Proliferação, John Wolf. “Diz exatamente o que esperávamos que dissesse”.