Agência nuclear da ONU repreende a Coréia do Norte

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Publicado Segunda, 06 de Janeiro de 2003 às 15:54, por: CdB

Em reunião de emergência, a direção da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) aprovou, nesta segunda-feira, uma resolução condenando a decisão da Coréia do Norte de reiniciar seu programa nuclear. Ainda assim, a agência nuclear - um dos órgãos das Nações Unidas - deu ao país mais uma chance de entrar em conformidade com os acordos internacionais de não-proliferação de armas nucleares. A resolução da Aiea "deplora, nos termos mais fortes, os atos unilaterais da Coréia do Norte para impedir o funcionamento do equipamento de vistoria e contenção em suas instalações nucleares e nos materiais ali contidos". O documento da agência refere-se à decisão da Coréia do Norte, anunciada e implementada no mês passado, de expulsar os inspetores de armas da Aiea que vinham monitorando a usina nuclear de Yongbyon. As autoridades norte-coreanas também ordenaram o desmonte dos equipamentos usados pelos técnicos para acompanhar as atividades na usina O diretor-geral da Aiea, Mohammed El-Baradei, declarou que as atitudes do governo de Pyongyang deixaram a agência "sem pistas" do que o país está fazendo - "não apenas no que diz respeito ao programa passado, mas à atividade atual". "A Aiea não tem como verificar se houve desvio de material nuclear na Coréia do Norte", diz a resolução, sugerindo que determinadas atividades com fins civis agora podem ter destinação militar. A direção da Aiea, que inclui representantes de 35 países, convocou a Coréia do Norte a "cooperar urgente e plenamente", seguindo uma série de medidas, como participar de uma reunião imediata com autoridades da agência, permitir a retomada das monitorações e "abrir mão de qualquer programa de armas nucleares". El-Baradei salientou que a Aiea está dando a Pyongyang "mais uma chance de ficar em acordo" com as normas internacionais. Por outro lado, o diretor alertou que, caso a Coréia do Norte não coopere, "a questão será levada ao Conselho de Segurança" da ONU. Se passar a ser tratado pelo Conselho de Segurança, o problema poderia desencadear ameaças de mais sanções contra um país já assolado pela fome ou até mesmo uma ação militar apoiada pela organização mundial. "A mensagem da direção é que a comunidade internacional não está pronta para negociar sob chantagem ou sob ameaça e que a Coréia do Norte tem, primeiro, que cumprir suas obrigações internacionais", disse El-Baradei. O governo norte-coreano não respondeu de imediato à resolução da Aiea. Em Washington, a repreensão da Aiea à Coréia do Norte foi elogiada pelo governo do presidente George W. Bush. "Estamos encantados com esse texto", reagiu o subsecretário de Estado para Não-Proliferação, John Wolf. "Diz exatamente o que esperávamos que dissesse".

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