Abel Pereira, enfim, presta seu depoimento

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Publicado Segunda, 23 de Outubro de 2006 às 09:20, por: CdB

O empresário paulista Abel Pereira prestou depoimento, nesta segunda-feira, na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Cuiabá (MT). Abel Pereira é suspeito de ter participado do esquema de compras de ambulâncias superfaturadas e desvio de dinheiro público, um esquema desmontado pela PF na Operação Sanguessuga. No depoimento que concedeu à PF, Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam (a empresa acusada de liderar o esquema), apontou Abel Pereira como intermediário na liberação de verbas no Ministério da Saúde durante a gestão do ministro Barjas Negri, no governo de Fernando Henrique Cardoso. O empresário foi ouvido pelo delegado Diógenes Curado Filho, responsável pelas investigações.

Na semana passada, Ronildo Medeiros - responsável pela criação de empresas utilizadas apenas para dar cobertura à Planam nas licitações dirigidas no Ministério da Saúde, desde a gestão do atual governador eleito do Estado de São Paulo, José Serra - depôs na 2ª Vara Federal, e disse ao juiz Jefferson Schneider que Abel recebia 6,5% de propina para cada liberação de verbas do Ministério, em contas indicadas pelo empresário.

Nesta sexta-feira, Darci Vedoin, dono da Planam, em novo depoimento, acusou novamente o cúmplice do ex-ministro tucano de receber propinas. Filho de Darci, Luiz Antonio Vedoin citara Abel como um dos principais articuladores da máfia das sanguessugas. Luiz Antonio entregou à Justiça diversos comprovantes de depósitos e cópias de nove cheques, totalizando R$421,2 mil, que correspondiam à propina paga ao empresário. Três cheques, cada um no valor de R$30 mil cada um, foram emitidos em janeiro de 2003; outros quatro de R$199 mil em fevereiro; e mais dois, no valor de R$132,23 mil, em dezembro de 2003. Luiz Antonio também revelou que Abel conseguiu a liberação de R$ 3 milhões no Ministério da Saúde, no fim de 2002, período em que Negri dirigia a pasta.

O advogado de Abel, Eduardo Silveira Mello Rodrigues, disse que fez uma análise dos extratos bancários de seu cliente, dos de sua mulher e das empresas e não teria encontrado qualquer depósito suspeito.

Abel Pereira também é acusado de envolvimento na compra do Dossiê Serra, operação frustrada pela Polícia Federal, que prendeu três petistas interessados em pagar R$1,7 milhão pelos documentos. As investigações contatararam que Abel contactou os Vedoin, interessado em interceptar a divulgação das informações contidas no relatório, mas os petistas teriam feito uma oferta melhor para ter acesso à documentação e divulgar as operações ilícitas cometidas durante a gestão Serra/Barjas Negri.

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